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Embra aprova projeto da Fazenda Fortaleza

O Carnaval de Berenice Mendes, a morena mignon do cinema paranaense, não poderia ter sido mais alegre. Na sexta-feira, já em Tibagi, terra de seus avós, recebeu um telefonema de Homero Carvalho, assessor da direção da Embrafilme, comunicando que o seu projeto de longa-metragem - "O Drama da Fazenda Fortaleza", havia sido aprovado pela comissão de alto nível que analisou mais de 100 propostas de financiamentos de longa-metragem. Embora confiante na qualidade do roteiro apresentado - trabalho do também cineasta, escritor e homem de televisão Valêncio Xavier, Berenice estava tensa nos últimos dias, "sentindo-me como uma vestibulanda, que fez uma boa prova mas sabe que precisa de boas notas para entrar na Universidade". Mesmo com a aprovação da Embrafilme - o que significará ao menos 60% do financiamento necessário para a rodagem de "O Drama da Fazenda Fortaleza", serão necessárias outras fontes - provadas e públicas, para que o filme seja realizado. Garra e disposição, Berenice e suas produtoras executivas, Lu Rufalco e Fernando [?] Montari possuem. A questão agora é encontrar o apoio indispensável para que o Paraná tenha, este ano, um grande filme, com uma temática legitimamente paranaense, baseado no romance que o professor David Carneiro, 84 anos, escreveu com base em relatos do August de Saint-Hilaire (1779-1853), botânico francês que visitando o Sul do Brasil, entre 1816-1822, presenciou na região dos Campos Gerais fatos que o impressionaram sobremaneira - a manutenção em cárcere privado de uma bela mulher, acusada de infidelidade, por seu marido. xxx Desde que o governo do Estado dê a ajuda necessária, 1988 poderá ser o ano do cinema paranaense. Além do longa-metragem de Berenice Mendes - de custo aparentemente alto (entre US$ 500 a US$ 700 mil, mas razoável em termos de produção brasileira), há vários projetos em fase de finalização, pré-produção ou ainda idealizados que poderão fazer com que uma geração de cineastas talentosos, criativos e, sobretudo, honestos - que não utilizam a autopromoção e o puxa-saquismo para aparecerem - terem, afinal, sua chance em termos nacionais. xxx Outro motivo de alegria para Berenice. Seu curta, "A Classe Roceira", realizado em 1986, premiado no II Festival de Cinema Brasileiro de Fortaleza (agosto/87), foi selecionado para participar do próximo festival de Oberhausen, na República Federal da Alemanha - a mais importante mostra de documentário do mundo. Também foram convidados para participarem daquela mostra, na parte informativa, curtas dos cineastas Willis Schulmann e Fernando Severo. xxx Sérgio Bianchi, ponta-grossense, lança nas próximas semanas o seu segundo longa, "Romance", que há uma semana mereceu reportagem especial em "Almanaque". É o cinema paranaense, feito por uma nova geração de talentos - competentes, honestos e independentes - que começa a aparecer nacionalmente.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
21/02/1988

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