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Aramis

Entre 13 inéditos, um clássico musical: "Carrossel Napolitano"

Com exceção de Mário Monicelli ("Rossini, Rossini", cinebiografia do compositor Giocchione Antônio Rossini, 1792-1862) e Ettore Gianninni, que em 1953 realizou um musical inovador - "Carrossello Napoletano", premiado no Festival de Cannes em 1954, os realizadores (e a maioria dos intépretes) dos filmes da mostra "O Cinema Italiano no Brasil" são desconhecidos no Brasil. O que prova de que também a indústria cinematográfica daquele país - que tem atravessado períodos de crise, sofre cada vez mais a concorrência internacional, o que leva a iniciativa que faz agora para, através da competência e organização de Albicoco, com seu circuito independente, tentar conseguir uma mínima brecha em nosso mercado. xxx Se são desconhecidas, isto não significa que não sejam jovens talentos, pois Gianni Amelio, com "Ladrões de Crianças" obteve o prêmio especial do Festival de Cannes deste ano. Três filmes são de realizadoras: "A Semana da Esfinge", de Danielle Lucheti; "Ninguém Acredita em Mim" de Anna Caplucci, que estará presente ao festival e "Matilda, a Procura de Uma Paixão", de Antoniette De Lille, em co-direção com Giorgio Magliule. Os 9 outros filmes, em seus títulos em português (as cópias estão tendo a legendagem em português completados nesta semana) são "O Amor Necessário" de Dario Capri; "Os 600 Dias da República Fascista de Salo" de Valério Marino e Nicola Caraciolo; "Americano Ruivo Procura Esposa Italiana" de Alessandro Alatri; "Pensava que era amor, era uma balela", de Massimo Treisi; "Uma Estória Simples", de Emídio Greco; "Atenção!... amores", de Giuseppe Bertolucci; "Amigas do Peito", de Michele Plácido; "Peço-te a Lua", de Giuseppe Piccioni, "Fanáticos", de Ricki Tognazzi; "A Estação", de Sérgio Rubinki e "Bix", de Pupi Avati. xxx Para os cinéfilos acima dos 40 anos, a inclusão de "Carrossel Napolitano", em cópias novas, com novo tratamento de som, sem dúvida se constitui em atração especial. Seu realizador, Ettore Giannini, nascido em Nápoles, 1912, teve uma carreira inicialmente dividida entre a música e a diplomacia mas se decidiu pela área dos espetáculos. Diplomado pelo Conservatório Dramático de Roma aos 25 anos, começou a dirigir importantes encenações. Atraído pelo cinema, foi roteirista de um dos mais conhecidos filmes de Luigi Zampa (1905/1972), "Cidade da Perdição" (Processo Alla Cittá), com Amadeo Nazzari e a belíssima Silvana Pampanini (na época com 27 anos), dividindo com Gina Lolobrigida, Sophia Loren e Silvana Mangano (1930/1989) a maior popularidade entre as sensuais divas do cinema italiano (época em que a produção daquele país chegava normalmente ao Brasil). Estreando como diretor em "Gil uomini sono nemici" (1947), trabalharia também como ator, aparecendo num personagem marcante em "Europa 51" (1952, de Roberto Rosselini, 1907/1977). Mas seria em 1953, ao desenvolver idéias inovadoras num musical-exaltação, "Carrossello Napoletano", em cujo elenco o destaque era uma jovem e sensual morena de 19 anos (mas atuando no cinema desde 1949) chamada Sophia Loren. Representando a Itália no VII Festival Internacional du Film, em Cannes (25 de março a 9 de abril de 1954) receberia uma menção honrosa atribuída pelo júri presidido por Jean Cocteau (1889/1963) e integrado por 12 personalidades, entre os quais o cineasta espanhol Luiz Buñuel (1900-1983) - mas representando o México, país em que vivia na época - e o crítico André Bazin (1918-1958), fundador da revista "La Revue du Cinema" (1946-49), "Objectif 49" e, especialmente, "Les Cahiers du Cinema" (1951, circulando até hoje). Como curiosidade, interessante lembrar que o festival de Cannes daquele anos, valorizava o ainda desconhecido cinema japonês atribuindo o Grand Prix a "Jigoku-Men" de Teinosuku Knogasa, enquanto "Um Amante Sob Medida" (monsieur Ripels), do francês René Clement, mas inscrito pela Inglaterra, com o título de "Knave of Hearts", obtinha o prêmio Especial do Júri. Lançado no Brasil, com sucesso, "Carrossel Napolitano" foi exibido em 1956 no antigo Cine Luz (Praça Zacarias), que dividida com o Cine Palácio - ambos do exibidor Henrieur Oliva e que tinham contratos para lançar a maioria dos filmes italianos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24
11/07/1992

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