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Aramis

A era do rádio acabou? Viva o rádio!

Duas notícias, de pontos diversos, mostrando um fato: em Londres, a BBC está transmitindo uma versão radiofônica do romance "Ulisses", de James Joyce, em que se utilizam palavrões. Em São Paulo, uma professora do Departamento de Comunicação Social da Universidade Estadual de Londrina, Souza Mota e Pinheiro, teve aprovada sua tese de Mestrado "O Rádio enquanto Mídia - uma análise da situação em Londrina", no dia 22 de agosto, no Centro de Pós-Graduação do Instituto Metodista de Ensino Superior, em São Bernardo do Campo. Outros exemplos poderiam ser lembrados para confirmar o óbvio: o rádio não morreu! Neste 25 de setembro, junto com a Primavera, também transcorreu o Dia do Rádio - criado em homenagem ao antropólogo Edgard Roquete Pinto (1884-1954), fundador da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro (1923) e pioneiro da radiodifusão no Brasil. Cientista social, escritor, cineasta - fundou o Instituto Nacional do Cinema Educativo (1937) que dirigiu por 10 anos e foi realizador de muitas seqüências de "O Descobrimento do Brasil" (com música de Villa-Lobos), Roquete Pinto é identificado como o rádio no Brasil. Um rádio que em seu idealismo, deveria ser eminentemente cultural, cobrindo as distâncias e integrando os homens. Hoje, quase 70 anos da primeira emissão radiofônica ocorrida no Brasil - acontecida em 1922, durante uma feira comemorativa ao centenário da Independência no Rio de Janeiro - o rádio está longe daqueles ideais. O comercialismo, a política, os interesses pessoais fizeram com que o rádio adquirisse contornos discutíveis, embora na essência continue a ser o grande veículo de comunicação - de maior agilidade, economia, portabilidade e capaz de chegar a qualquer parte do mundo. A evolução da imprensa, o boom da televisão nos últimos 30 anos - que, em termos econômicos, retirou da rádio mais de 90% das verbas publicitárias que ali eram aplicadas, não "matou" esta invenção que teve em Hertz (1888) os primeiros estudos e que encontrou no físico italiano Guglielmo Marconi (1874-1934) o cientista que, após inúmeras experiências sobre a propagação das ondas eletromagnéticas hertezianas, conseguiu em março de 1895, concretizar o primeiro sistema emissor e receptor ar-terra, realizando em Pontecchio uma transmissão curta de 3 quilômetros (no ano seguinte, na Inglaterra, patenteou a sua invenção). Em 1909, Marconi dividiu com K. F. Braun o Prêmio Nobel de Física. O invento se desenvolveria a partir dos anos 20, com a Westinghouse (nos EUA) e, dois anos depois, a British Broadcasting Corporation (na Inglaterra) transmitindo sobretudo música - e sendo captada até a 6 mil quilômetros de distância. Era a Era do Rádio que tinha início - e que reinaria, absoluta, até os anos 50 - quando o advento da televisão comercial - inicialmente nos EUA, depois no resto do mundo, marcaria uma nova fase.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
16
27/09/1991

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