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Aramis

Eterna elegância nos teclados de Pedrinho

Uma homenagem merecida: em comemoração aos 30 anos de carreira profissional, a RGE dedicou a Pedrinho Mattar uma produção especial: "A Arte do Piano Popular", caixa com cinco discos nos quais estão reunidas mais de 50 faixas mostrando a versatilidade deste eclético pianista. Paulista da capital, 55 anos a serem completados no próximo dia 19 de agosto, de uma família musical (*), Pedrinho é, como diz nosso comum amigo Aloísio Falcão, "um artista que tem seu estilo". Suave, elegantíssimo - têm 50 smokings incrementadíssimos, apresentando-se sempre como um maestro - , Pedrinho tem aquela forma de tocar uma música que conquista imensas platéias. Com formação erudita adquirida na Escola Magdalena Tagliaferro, aluno da mestre Helena Plaut, poderia ter seguido até caminhos eruditos. Chegou a tocar várias vezes com a Sinfônica Nacional, participou dos "Concertos para a Juventude" (em 1967)e, em 1966, em São Paulo, sob a regência de Diogo Pacheco, ao lado da irmã Mercedes (**), fez uma interessantíssima leitura de "Rhapsody in Blue" de George Gershwin, que editada pela RCA, foi considerado um dos dez melhores discos daquele ano. Pedrinho participou da época dos festivais e na Bossa Nova e chegou a formar um excelente grupo que deixou registrados meia dúzia de históricos discos na RGE, Áudio Fidelity e Farroupilha, estas duas etiquetas de saudosa memória. Caprichoso e rigoroso, Pedrinho sempre foi um profissional requisitadíssimo - antes de optar pela fase de solista, que ocupa hoje toda sua agenda. Assim trabalhou com artistas como Agostinho dos Santos, Maysa, Taiguara, Leny Everson, Cauby, Claudete Soares e até Geraldo Vandré - vários dos quais aparecem no portfólio biográfico que ilustra o bom encarte produzido para acompanhar esta caixa com cinco elepês. Homens de muitas estórias, bem humorado - um dos charmes dos shows que faz todas as semanas, nos melhores ambientes do país, disputado para festas, convenções, bailes, etc. - Pedrinho Mattar é comparado ao italo-americano Liberace (1930-1986), que também tinha um estilo sofisticado, famoso por seus trajes e pela exigência de iluminados candelabros nos Steinways em que tocava. Mattar não chega a tantas frescuras, mas é também criterioso para seus concertos. Ao longo de sua carreira, Pedrinho tem se apresentado nos mais diferentes espaços - desde piano-bar e sofisticados clubes até audições populares, como na praia dos Pitangueiras, em Guarujá, há alguns anos - ou para 70 mil pessoas no parque Ibirapuera, em São Paulo, quando comemorou 25 anos de carreira. Como diz Falcão, "o piano para Pedrinho é uma extensão do seu corpo". Não há mistérios neste instrumento, e os chorinhos de Nazaré, as peças de Chopin, os hits da Bossa Nova, os clássicos da MPB, a música de cinema, os boleros e foxes, desfilam de forma suavíssima nos cinco discos desta "Arte do piano popular" - que, obviamente, pode ser melhor curtida em CD. Afinal, é aqueles discos para se colocar no player, programar o repeat e deixar rolar, ao longo do melhor vinho branco no corpo da amada. Música para fazer o (melhor) amor, sem dúvida. Notas (*) Um dos irmãos de Pedrinho, Jamil (SP, 6/12/31-CWB, 3/2/1975) formou-se pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná e radicou-se em Curitiba, aqui fazendo carreira. Pianista exímio, ficou famoso na noite dos anos 60 como "Zeca, o Maluco do Teclado". "Era o melhor executante de tangos", recorda outro grande pianista, Gebram Sabbag, que já merecia ter um disco registrando seu estilo e sua bossa. (**) A irmã Mercedes, concertista de mão-cheia, abandonou a carreira após o casamento. Um de seus filhos é o flautista Derico, o "assessor de assuntos aleatórios" do programa "JÔ -Onze e Meia": Frederico Mattar Sciutti, paulista da capital, 25 anos completados no último dia 17, músico profissional há oito anos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
28/07/1991

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