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Aramis

Festival de Brasília (III)

BRASÍLIA - Ao Lado do XVI Festival de Brasília do cinema brasileiro, que encerra neste domingo, quando serão anunciados os premiados com o "Candango de Ouro", nas categorias de longa e curta-metragem, outro importante evento cultural neste fim de semana no Distrito Federal: o VI Festival Casa Thomas Jeferson de Jazz. A grande vedete desta promoção que vem se realizando desde 1977, neste ano, é o Quinteto Billy Harper, dos Estados Unidos, que inicia em Brasília uma série de apresentações no Brasil que incluem Salvador, recife, Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo e belo Horizonte, e após, Montevidéu, Buenos Aires e Santiago. Curitiba, por absoluta falta de interesse dos dirigentes (sic) das entidades culturais, ficou, mais uma vez, fora deste importante roteiro. Billy Harper, nascido em Houston, Texas, é ainda desconhecido no Brasil mas sua imensa e profunda melodia, cheia de inflexões afinadas e melancólicas, consagrou-o como herdeiro da autêntica tradição dos sax-tenores do Texas. Sua fonte inspiradora é John Coltrane, de quem tirou a força e o ímpeto da melodia e o domínio das seqüências melódicas e em decorrência da movimentação dos dedos, que não escondem os ricos efeitos sonoros. O quinteto de Billy Harper fez apresentações no Centro de Convenções nas noites de sexta-feira a domingo em espetáculos complementados por conjuntos de Jazz de Brasília - o Brasília Popular Orquestra, o Jazz Quattuor, o Grupo Artimanhas - e de outros Estados, como o Tradicional Jazz (o mais antigo grupo de jazz do Brasil e que há dois meses esteve em Curitiba no coquetel oferecido pela H. Stern), o grupo Pau Brasil, liderado por Nelson Ayres - programado para o projeto "Boca no Trombone", no teatro do Paiol - a pianista Celia Vaz e o saxofonista e flautista Ma Senise, entre outros, enfim, instrumentistas de primeiro nível que prestigiam o VI Festival CTJ de Jazz, que este ano recebeu 48 propostas de grupos de vários Estados e de conjuntos do Exterior. Explica Luis Carlos Neiva, coordenador do Festival, que o mesmo foi criado em 1977, "quando a música instrumental com influência jazzística, começou a ganhar público em Brasília". Em maio de 1978 realizou o I Festival, com participação apenas de grupos de Brasília e Goiânia; o interesse cresceu e a cada ano aumenta a participação neste evento que, em 1983 exigiu investimentos de Cr$ 320 milhões, com patrocínio de Detur, Radiobrás, Varig e Hotel Aracoara. Em Curitiba, há três anos um apaixonado por jazz, jorge Natividade, chegou a estruturar um festival de jazz em bases semelhantes, que de um bom planejamento - ao ponto de ter até ganho o cartaz institucional - acabou não se realizando por falta de apoio financeiro. Jorge Natividade também idealizou um clube de aficionados de jazz, que após algumas reuniões no Teatro Universitário com coordenação da bela e jazzística Glacy Gotardelo, acabou se diluindo. Em Brasília, o apoio firme da Casa Thomas Jefferson, mantida pela embaixada dos Estados Unidos, possibilita que o movimento jazzístico cresça a cada ano. O FESTIVAL DE CINEMA , que Walter Lima Júnior realizou com base no roteiro que Lima Barreto sonhava em levar à tela-, do romance de Visconde de Taunay, exibido na noite de quarta-feira, 27, provocou uma unanimidade: um filme belíssimo, com fotografia perfeita de Pedro Farkas e trazendo uma antológica trilha sonora do mineiro Walter Tiso - com um aproveitamento incrível da canção (Jayme Ovalle/Manuel Bandeira), na voz fina e afinadíssima de Thelma Costa, cantora que apareceu dividindo com Chico Buarque a interpretação de , fez há pouco um excelente elepê na CBS e, por coincidência é agora esposa de Walter Lima Júnior. Se era, no início, um dos fortes candidatos aos principais prêmios do Festival a serem anunciados na noite de hoje, domingo, no encerramento do festival, a partir do momento em que foi projetado passou a segundo plano. Para isso também contribui a indelicada atitude tomada por Tizuka Yamazaki, diretora de , em protestar contra o fato de um dos membros do júri, Sergio Bazi, crítico do , ter publicado na edição de quarta feira, uma crítica contrária ao filme. Os seis filmes selecionados para esta décima sexta edição do Festival do Cinema Brasileiro em Brasília refletem bem as várias tendências do cinema nacional. Se , de Chico Botelho que teve algumas seqüências rodadas em Curitiba e Piraquara, no ano passado, decepcionou o público, e lotaram o cinema da Fundação Cultural do Distrito federal, onde estão se realizando as projeções em três sessões por dia. Uma das surpresas deste Festival é , é também a estrela de , e a sua chegada à Brasília estava sendo aguardada com expectativa (é bom lembrar que quando do lançamento de em Curitiba, no início de outubro, Tânia acabou não sendo anunciada em duas vezes, a sua presença). O cinema político está representado no Festival com , de Osvaldo Caldeira, inspirado num fato real: as atividades de Jorge Medeiros do Vale, que desviou dinheiro do Banco do Brasil para financiar movimentos guerrilheiros. O interprete desta polêmica recriação é o ator José Wilker. Ao seu lado estralas televisivas como Beth Faria - que aqui chegou na quinta-feira -, Christiane Torloni e Nicolle Puzzi. BASTIDORES - As conversas de grupos de cineastas, jornalistas e atores constituem o principal do Festival, restrito ao Hotel Sait Paul, devido às dificuldades de deslocamento em Brasília, uma cidade que, como diz um velho é para cidadões formados de . Entretanto, nestas conversas informais surgem boas idéias e propostas, como a preocupação do jornalista Claudio Bojunga, ex , ex , agora o novo editor da revista , da Embrafilmes, à qual promete dar uma necessária regularidade. Apesar de existência de recursos para esta revista, seu último número demorou 14 meses para circular, o que é um absurdo. José Carlos Avellar, do , e Nelson Hofeldt, da e TV-Manchete, pensam no fortalecimento da recém-criada Associação de críticos Cinematográficos que, possivelmente em março de 1984, terá uma reunião nacional no Rio de Janeiro, com patrocínio da Embrafilmes conforme promessa de seu presidente Roberto Farias. O cineasta Paulo Thiago, cujo novo filme <Águia na Cabeça> não teve concluídas suas filmagens a tempo de ser inscrito no Festival, também se encontra em Brasília, preocupado especialmente com a regulamentação do vídeo-cassete, que deve ter sua legislação em vigor a partir da próxima semana, mas que, em sua opinião, ainda necessita de documentos complementares, . Um tema amplo e polêmico a ser registrado em próxima ocasião. FOTO LEGENDA 1 - FOTO LEGENDA 2 -
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
30/10/1983

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