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Filmes & cinemas

José Augusto Iwersen, 34 anos, desde 1962 ligado a atividades cinematográficas, retornou terça-feira, de Penedo, Alagoas, com mais três prêmios: melhor diretor na mostra de documentários do VI Festival do Cinema Brasileiro, melhor filme ("Daniele, Carnaval e Cinzas) e mais importante obra didática ("Doce Humanidade"). Aqui fica o registro. Amanhã falaremos com mais detalhes nesta nova confirmação nacional do talento de Iwersen, hoje o mais importante cineasta da nova geração de paranaenses. Massacrado pela crítica - mas suficientes para torná-lo um bilionário, Erich Segall viu seu best-seller "Love Story" se transformar também num êxito no cinema, com direção de Arthur Hiller, e que, em 1970, produzido por Robert Evans, foi o suficiente para salvar as cambaleantes finanças da Paramount. Estrelado por Ali McGraw e Ryan O'Neal e o veterano Ray Milland, o filme não poderia ficar sem uma seqüência: Segall escreveu "A História de Oliver" (Oliver's Story), imediatamente levado ao cinema, desta vem com direção de John Korty, de quem foi exibido, um único dia, em recente festival no Bristol, Alex e a Cigana", com Jack Lemmon e Geneviéve Bujold. Com mesmo Ryan O'Neall e Ray Milland - mas Candice Bergen no papel de Marcie Bonwit (afinal, Jenny Barrett / Ali McGraw, a paixão de "Oliver" em "Love Story", morreu de câncer aos 25 anos), esta produção da CIC, faturou em sua primeira semana, no Lido, mais de Cr$ 300 mil e estava, desde segunda-feira, rendendo diariamente Cr$ 40 mil - soma que subiria cada vez mais. Apesar disto, o filme deixou o cartaz ontem para a estréia de "O Rei e os Trapalhões", a mais recente comédia produzida e interpretada por Renato Aragão, que teve seqüências rodadas em Marrocos, num merchandesing da Royal Air Maroc. Com a estréia simultânea desta comédia infantil no Lido e Plaza, "Apocalypse", [de] Coppola, deixa de ser exibido, sendo possível que venha a ser apresentado no Ribalta. Já "A História de Oliver" deve voltar no Condor, tão logo haja uma folga: atualmente, "Aeroporto 1980 - O Concorde" rende tanto, que não há intenção de substituí-lo xxx O excesso de filmes e a longa permanência daquelas que obtém melhores bilheterias - preocupa, naturalmente os exibidores, distribuidores e produtores, face ao constante fechamento dos cinemas. Por isso, segunda-feira, chega a Curitiba, um arquiteto da Cinema International Corporation, proprietária dos cines Lido e Condor, para estudar a transformação do Lido - inaugurado em setembro de 1959, com "Guerra e Paz" (War And Peace, 56, de King Vidor), em duas salas. O segundo balcão - raramente lotado - será transformado no "lido 2", para exibição de filmes com menos possibilidades de público. Também o cine São João, inaugurado em 1960, com "A Volta ao Mundo em 80 Dias" (1956, de Michael Anderson), pertencente ao Fama Filmes, será transformado em duas salas. Raramente o segundo balcão é utilizado e, tranqüilamente, pode servir para uma nova sala. xxx Contradição: O Ribalta, inaugurado em fevereiro de 1977, com "Tora, Tora, Tora", de Richard Fleischer, até hoje só deu prejuízo ao seu proprietário, João Lindolfo Deckmann, que, a cada semana, vê aumentar o seu déficit. Apesar de confortável, aparelhagem importada, bar para fumantes, estacionamento para 250 veículos - 80 dos quais no subsolo, o cinema localizado no Bacacheri, até hoje não conseguiu filmes inéditos e mesmo as reprises capazes de render bem são negadas. A solução que Deckmann está vendo será uma transformação do cinema em um auditório alternativo, ligado à Secretaria da Cultura e do Esporte, com administração a cargo da Fundação teatro Guaíra. Os diretores da FTG, Aldo Almeida e Marcelo Marchioro, já estudaram o assunto com o secretário Luiz Roberto Soares, da Cultura e do Esporte e, assim, é possível que Curitiba ganhe, em breve, um novo espaço cultural. Caso contrário, Deckmann vai cerrar as portas do cinema e transformá-lo num centro comercial. xxx O prefeito Jaime Lerner continua com planos de estimular pequenas salas de exibição no centro da cidade e no terminal da Praça Rui Barbosa. Boa vontade existe, mas, de concreto, até agora pouco foi feito. Um dos candidatos a se instalar numa das salas na extensão da Praça Rui Barbosa, é o veterano Jorge Santos, que, com dois irmãos, idealisticamente, vêm mantendo há mais de 30 anos, o Morgenau. Mas como as rendas daquele cinema do bairro do Capanema - o mais antigo da cidade - são muitas vezes menores do que se gasta com energia elétrica, e o proprietário do prédio está movendo ação de despejo (já que desejam aproveitá-lo para atividades mais lucrativas), aquela será mais uma sala condenada.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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Tablóide
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17/01/1980

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