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Aramis

... e a garimpagem de Leon prossegue nos rios da MPB

Uma das presenças mais simpáticas no lançamento do álbum "Estrela... Saudade", na Sala Antônio Mililo, na quinta-feira à noite, era a de um elegante senhor de cabelos brancos, alegre e sorridente, que todos queriam conhecer. Tratava-se do cantor Moraes Neto, que chegou a gravar algumas músicas de 78 rpm nos anos 40, e que, afastando-se da vida musical, reapareceu há alguns meses em Curitiba, quando aqui veio se fixar por raízes familiares. Leon Barg, que em sua incrível discoteca de mais de 30 mil 78 rpm, possui todos os discos de Moraes Neto, programou a reedição de seis das gravações de Moraes Neto num elepê que trará também mais seis faixas de Francisco Alves (1898-1952), previsto para lançamento nas próximas semanas. xxx A retração dos consumidores no mercado fonográfico não assusta Leon Barg, que, de seu estúdio-escritório em Curitiba, continua a montar álbuns com o que existe de melhor na MPB. Às vésperas de completar 60 anos, mas com o entusiasmo de um jovem de 20, diz: - "Se eu pudesse, lançaria 50 discos por mês, tantos são os artistas que merecem serem reavaliados. Criteriosamente, monta reedições com diferentes artistas. Por exemplo, apesar da festa de Momo já ter passado, sairá ainda este mês o "Carnaval de Ouro", com registros de Nelson Gonçalves, Ciro Monteiro, Linda Batista e Marilu - que já dividiu o elepê "A Você", que saiu neste mês. Linda Batista (1919-1988), dividiu "Sambas da Saudade" com Ciro Monteiro (1913-1973), também do último pacote do Revivendo. Carmem Costa (Carmelita Madrega), 70 anos completados no dia 5 de janeiro - atualmente na campanha (bancada pelo secretário René Dotti, da Cultura) de ser tombada em vida como "Patrimônio Nacional", ganha metade do lp "Tudo é Nostalgia", em parceria com outros registros de Nelson Gonçalves, também previsto para as próximas semanas. Já aos apreciadores de vozes operísticas, daquelas vigorosas dos anos 30, Leon Barg reuniu registros de Vicente Perrone - outro nome que Barg retira agora do limbo do esquecimento da MPB. xxx Diversificando suas produções, Leon Barg volta-se a pré-história de nossa música rural com um álbum em que reúne fonogramas originais do cantor e compositor Cobrinha, 82 anos, de Piracicaba, que formou duplas com Mariano (pai do acordeonista e arranjador Caçulinha) e Capitão. O lançamento deste álbum, com gravações raríssimas daquilo que se pode chamar de raízes da música rural paulista, terá um lançamento festivo em Piracicaba, SP, no próximo dia 30 de abril, em uma festa que o jornalista e animador cultural daquela cidade, Manoel Lopes Alancom, está organizando. xxx Viajando diretamente de Nova York, na quarta-feira, o primogênito de Leon Barg, Edson, chegou a tempo para o lançamento do álbum de Dalva de Oliveira. Atendendo a pedido de seu pai, trouxe alguns CDs de Pedro Vargas e Jeanette MacDonald entre outros astros internacionais que Leon Também quer reeditar no Brasil. Laís, a filha e principal colaboradora de Barg - responsável por toda parte gráfica das capas e dos contratos em São Paulo, onde reside desde o seu casamento, viaja em abril para Londres onde existe uma etiqueta que faz um trabalho em moldes semelhantes a Revivendo - e que, possivelmente, terá, no futuro, aqui representação a cargo do label com o qual Leon Barg incluiu Curitiba no panorama musical brasileiro.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
13/03/1990

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