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Aramis

Gaúchos dão exemplo

Quarto longa-metragem da Z Produtora Cinematográfica, de Porto Alegre, "Quero Ser Feliz" (cine Luz, desde ontem), segue a mesma linha das produções anteriores: jovens em suas indagações, amores e perspectivas. A fórmula tem funcionado, tanto é que os três filmes anteriores - "Verdes Anos", "Me Beija" e "Aqueles Dois", foram bem recebidos em festivais de cinema de Gramado e do Rio de Janeiro, em 1984/85 e, lançados em circuitos comerciais no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, tiveram boas rendas. Um atencioso trabalho de marketing faz com que o lançamento de "Quero Ser Feliz" venha tendo bilheterias marcantes, superando em Porto Alegre a campeões como "O Beijo da Mulher Aranha", "Passagem Para a Índia", "Entre Dois Amores", e "O Exterminador do Futuro". Já lançado em vídeo, "Quero Ser Feliz" passou a ser um dos títulos mais procurados nas locadoreas de Florianópolis. Agora deverá também chegar as locadoras de Curitiba, simultaneamente a sua estréia no Cine Luz. AMBIENTE JOVEM - A história de "Quero Ser Feliz" se concentra no dia-a-dia de três jovens - Marcelo, Marco e Roberto - envolvidos com vestibular, serviço militar, namoros, conflitos familiares. Todos têm 18 anos, são vizinhos e amigos. Roberto é operador de projeção num cinema, é compositor e não escapa do quartel. Marco trabalha há mais tempo mas vive trocando de emprego. Marcelo é confuso, rodou no vestibular e estuda para tentar de novo. Sua vida muda quando ele conhece Fernanda, uma garota inteligente e dicidida que o ajuda a tomar um novo rumo. Fernanda é interpretada por Mayara Magri, que é a "Helena", filha de Renato Villar (Tarcísio Meira), na telenovela "Roda de Fogo". Os papéis masculinos de "Quero Ser Feliz" são interpretados por Fernando Severino, Júlio Reny e Marcos Breda (atualmente trabalhando na versão para o cinema de "Feliz Ano Velho", de Marcelo Paiva). A trilha sonora reúne as bandas gaúchas "Garotos da Rua" e "Os Engenheiros do Hawai" e Júlio Reny e a Banda Expresso Oriente. Tem ainda duas músicas feitas especialmente para o filme pelo compositor catarinense Mário Júnior: "Quero Ser Feliz" e "Corpos na Relva", ambas interpretadas pela cantora Glória Oliveira. PALAVRA DO DIRETOR - Vindo do Super-8 - bitola que teve em Porto Alegre um grande boom, formando uma geração que hoje se profissionaliza no 35mm - Sérgio Lerrer, diretor e roteirista de "Quero Ser Feliz", diz que a experiência de superoitista e na publicidade "fizeram me aproximar muito mais da figura do artesão do que daquela imagem do diretor de cinema como um cineasta genial e brilhante". Sobre este "Quero Ser Feliz", ele diz que no início, "eu tinha um pouco do cinema europeu e americano na cabeça, procurando transformar sensações e impressões em um filme de um conjunto de momentos sinceros, verdadeiros e extremamente simples, cúmplice dos seus personagens na aventura do cotidiano". Identificado, naturalmente, a filmes que abordaram o jovem no cinema - inclusive nas (poucas) experiências feitas no Brasil (ele lembra "Marcelo Zona Sul" e "Copacabana"), Lerrer diz, - "Eu fiz este filme não para aqueles meus colegas de militância política ou militância cinematográfica, mas sim para aqueles meus amigos que jogavam uma "pelada" na pracinha, ficavam sentados no muro da rua, davam uma volta na quadra, procuravam o mais novo cabaré da cidade e achavam que só por isso a vida já valia a pena e não precisava ser mais do que isso. E é a eles, aos que serviram ou não no quartel, aos que num momento foram ascensoristas ou estudantes de medicina, os "garanhões" e aos tímidos, aos que batiam e aos que apanhavam, hoje espalhados como espectadores nas salas escuras dos cinemas, que eu dedico essa minha vontade desambiciosa que terminou se transformando nesse filme". LEGENDA FOTO - Júlio Reny, Marcos Breda e Fernando Severino em "Quero Ser Feliz", um filme gaúcho, sobre jovens em exibição no cine Luz.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
20/02/1987

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