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Aramis

Geléia Geral

A má vontade e mesmo o desrespeito com que uma parte da crítica tratou a participação do guitarrista e compositor Larry Carlton, no Free Jazz Festival - etapa paulista, vem demonstrar como também entre os ditos apreciadores de jazz, existem preconceitos e posições maniqueístas. Acusado de ter mostrado um som pausterizado e repetitivo, Larry Eugene Carlton (Torrance, Califórnia, 2 de março de 1948) nos parece, entretanto, um dos mais melódicos artistas contemporâneos. Independente da sua atuação ao vivo - que não tivemos ocasião de assistir - temos a ótima amostragem que faz de seu talento de compositor e solistas em seu recente "But Never Alone" (MCA/WEA, agosto/86), um dos muitos lançamentos jazzísticos feitos nos últimos dias com artistas que estão participando do Free Jazz Festival (encerramento hoje, na fase carioca). Em oito temas - sete de sua autoria (a única exceção é "The Lord's Prayer", de Alberto Malotte), Carlton nos oferece momentos da melhor criação, que se não tem mergulhos poptecnológicos (o que desagradou os críticos e público que confunde jazz com rock), oferece em compensação, aquela musicalidade tão sensível e inteligente, como o jazz deve ter, em nosso entender. Apenas na faixa-título e em "The Lord's Prayer", Larry dispensa o acompanhamento dos talentosos instrumentistas - Terry Trotter (Dx 7), Abraham Laboriel (baixo), Rick Marotta (bateria) e Michael Fischer (percussão) presentes em várias faixas - nas quais Larry também executa Keyroards. Um disco excelente de um artista imerecidamente mal recebido no Free Jazz Festival. A recente turnê de B.B. King pelo Brasil foi tão satisfatória, em termos de vendagem de seus discos, que além do histórico concerto "Cook Country Jail", gravado ao vivo, há quase 20 anos, a WEA providenciou, imediatamente a reedição de um álbum-síntese para os que descobrem agora o talento de Riley B. King, 61 anos, deliciarem-se com momentos excelentes de sua carreira. Assim em "The Best of B.B. King", temos faixas extraídas de várias fases "Hummingbird" (Leon Russell), uma mostra da absorção de seu estilo pelos criadores do rock da maior voltagem dos anos 60. "Caldonia", (F. Moore), "Sweet Sixteen", "Ain't Nobody Home", "Why I Sing The Blues" e dois clássicos - "The Thrill Is Gone" e "Nobody Loves Me, But My Mother", fazem deste disco-antologia um documento indispensável aos que não possuem uma discografia mais ampla deste guitarrista, cantor e compositor, que só há poucos anos passou a ser devidamente valorizado no Brasil. Para quem curtiu a carreira de Rod Stewart (Roderick David Stewart, Londres, 10/11/45), um dos nomes de maior prestígio nos anos 60/70 - inicialmente em grupos como The Dimensions (Hoochie Coochie Men, Shotgun Express e Jeff Beck Group e, a partir 1969, como solista, mas também participando do Faces, ao lado de Ron Wood), e o seu retorno, num álbum que pode ser classificado como "da fase da maturidade" (WEA), é um acontecimento marcante. Fazendo cada um de seus álbuns ("Every Picture Tells a Story", 1970; "Never a Dull Moment", 72, etc.) emplacar discos de ouro e platina, reaparece com um elepê no qual há antes de tudo a presença de antigos companheiros (Kenny Saviger, Jim Cregan, Robin Lemsurier e Nicky Hopkins), além de ilustres convidados especiais, como Bruce Springsteen. Músicas como "Love Touch" (tema do filme "Legal Eagles", já sucesso nas FMs), "Another Heartache" (parceria com Bryan Adams) e "A Night Like This" mostram que aos 41 anos, Stewart continua atualizadíssimo - e tendo muito a mostrar a garotada que ainda não sabe o que quer nos (des) caminhos do rock. xxx Investir em gente que pode acontecer sempre é uma regra de ouro nos homens da fonografia. Assim, Silvinha Torres ganha um bem transado disco-mix, pela RCA, para mostrar duas composições espertinhas, em tema e ritmo, para tentar chegar as paradas e garantir um futuro lp: "Debochar" e "Reggae do Malandro", ambas de sua autoria. xxx Quem disse que ele havia desaparecido? Depois de um retorno bem promovido no ano passado, o ex-Jovem Guarda, Jerry Adriani (Jair Alves de Souza), 39 anos, tem novo elepê na praça ("Outra Vez Coração"), com um repertório meloso, com versões, composições próprias, de amigos ("Do Jeito Que eu Te Conheci", Martinha), e até a presença da menina Gabriela, na faixa "Planeta Amor".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
07/09/1986

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