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Aramis

Geléia Geral

Virgílio Savarim, hoje o lojista de discos mais afinado com as preferenciais da juventude que compra discos de rock, mostra-se surpreso: afinal qual o critério adotado pelas gravadoras nos lançamentos pop? Realmente, é incrível o número de novos grupos que tem saído no Brasil, numa multiplicidade de oferta que desafia as minguadas mesadas da garotada que curte o som internacional. Se os grandes nomes do rock - consolidados em décadas passadas - tem público seguro, capaz de qualquer sacrifício para adquirir seus novos discos, os conjuntos estreantes, ainda sem o necessário impacto, dependem muito de um trabalho promocional - e principalmente de aval capaz de justificar a sua presença no mercado. Por exemplo, a RCA - gravadora que é ciosa em suas edições, evitando dar tiros no escuro - lança agora o Heaven 17, definida como "uma das bandas da primeira linha do tecno-pop inglês" e com raízes no Human League conjunto surgido na cidade de Sheffield em junho/77. Dois operadores de computadores - Craig Marsh e Martyn Ware - formaram este grupo e há 8 anos estavam na estrada, com propostas em que buscavam unir vários truques no palco (sons de máquina, projeções de filmes etc.). Em 1980, o Human League se desfez e Ware e Marsh formaram a British Eletric Foundation, da qual partiriam para o atual Heavenn 17 - reunindo também o vocalista Glenn Gregory. O nome foi inspirado no livro "Laranja Mecânica" e após 3 compactos saíram com o primeiro lp ("Penthouse and Pavement") de boa carreira. Várias gravações, alguns êxitos e participações com o Earth, Wind & Fire e a cantora Carol Kenyon (ex-vocalista de Isaac Hayes) para chegar finalmente a este "How Men Are", sólida amostra da precisão tecnofunk da banda. As letras continuam ácidas e politicamente contestatórias e uma faixa - "Five minutes to midnight" - foi composta em sinal de protesto contra a proliferação dos mísseis Cruise na Europa e tem toda a sua renda destinada ao Comitê Pró-desarmamento nuclear inglês. xxx A Polygram e a WEA são as gravadoras que maior número de opções pop tem oferecido nos últimos meses. Por exemplo, "Sportin Life" traz o grupo Mink Deville, fundado ainda no início dos anos 70 em San Francisco e que há 8 anos já fazia o seu primeiro disco. Mas só em 1980, quando chegava ao 3º álbum ("Le Chat Bleu"), conquistou o sucesso a ser indicado pela revista Rolling Stone com um dos dez melhores do ano. "Sportin'Life" traz a atual formação do grupo de Mink Deville, hoje radicado em New Orleans e pretendendo uma combinação de rock, blues e jazz. A faixa mais promovida é "Italian Shoes". Yello, outro grupo que apesar de chegar ao quarto lp ("Stella", Vertigo/Polygram) também ainda é pouco conhecido no Brasil. Banda suíça, liderada pelo compositor e arranjador Boris Blank e letrista e vocalista Dieter Meier, o Yello teve uma especial promoção paralela a este novo disco: dois vídeos-clip com as canções "Desire" e "Vicious Games" e a participação num filme ("Snowball"). Surgido no início dos anos 80, o Lime escalou as paradas pop com "Your Love" - que lhes valeu discos de outro e de platina. Com dois jovens tem seu "Unexpected Lovers" lançado agora no Brasil, trazendo uma música definida como "dançante" para os que curtem as discotheques da vida. Entre as faixas mais interessantes, "Say You Love Me" e "My Lovely Angel". Para encerrar, o registro de um grupo conhecido: em seu décimo lp ("Eletric Lady"), o Com Funk Shun soma ao funk que o caracterizava anteriormente, influências do rock e música pop. Felton Pilate, guitarrista, baterista, teclados e vocalista, explica: "É a busca da alegria: decidimos experimentar diversos tipos de sons".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
13/10/1985

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