Gente
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de janeiro de 1974
José Paulo Pais, poeta e assistente de direção da Editora Cultrix, em São Paulo, sempre se refere com carinho a Curitiba, onde residiu muitos anos. Ainda na semana, entrevistado por Acyr Castro, para o "Jornal do Brasil", lembrou que a poesia é uma paixão antiga, que cultiva desde os 11 anos de idade e que o fez abandonar a profissão de químico industrial pela vocação de poeta, "Maldição que carrego comigo desde os meus tempos de jornal em Curitiba". Pois foi aqui, onde morou muitos anos, trabalhando em jornalismo, que nasceu o seu primeiro livro, "O Aluno", em 1947. Periodicamente José Paulo retorna a nossa Capital, onde tem muitos amigos - como o contista Armando Ribeiro Pinto, com o qual mantém correspondência regular. Na inteligente entrevista a Acyr Castro, José Paulo disse que "a poesia é como a hóstia ou um veneno: tem que ser oferecida em pequenos doses". Por isto, sua obra tem sido publicada espaçadamente: aos 47 anos 26 de poesia, acaba de lançar o nono livro, "Meia Palavra" e ele se mostra convicto de que fazer poesia é um trabalho como outro qualquer, "apenas o sujeito tem que lidar com os próprios fantasmas, exorcizando-as através do demônio das palavras". Após dois livros de poesias - "O Aluno" e "Cúmplices" (1951), José Paulo Pais fez crítica de literatura "As Quatro Vidas de Augusto dos Anjos" em 1957 e "Mistério em Casa", 1961 e, ainda em 1961, uma tentativa de biografia, "Os Poetas". Em 1967, organizou, dirigiu e foi co-editor de um "Pequeno Dicionário da Literatura Brasileira". Explica:
- "Tudo muito modesto, humilde, sem pretensões. O fato de ser poeta-menor até que me agrada. Seria terrível se chegasse à conclusão de que sou ou medíocre ou inútil. Falo baixo, manso, quieto, mas digo algo e é o que me basta".
Enviar novo comentário