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Aramis

Gore e Bellow com seus retratos sem maquiagem

A importância de publisher intelectualmente bem preparados em postos-chaves de editoras é fundamental para fazer com que na disputa de um mercado cada vez com melhores resultados, os leitores brasileiros tenham opções de conhecerem cuidadosas traduções de romances e ensaios de escritores - famosos ou não, mas todos importantes - quase que paralelamente ao lançamento dos mesmos no Exterior. Por exemplo, Gustavo Barroso, ex-Codecri, hoje, na Rocco, fez com que esta casa se firmasse em 1985 como uma das editoras mais prestigiosas, enquanto Paulo Madureira, ex-Nova Fronteira, agora na Guanabara, deu à antiga marca identificada apenas por obras didáticas, destinadas ao nível superior, uma credibilidade notável. Ainda agora, a Rocco está lançando dois novos romances de dois importantes autores americanos: "Agarre a Vida" de Saul Bellow (tradução de Donaldson Garschagem, 131 páginas, Cz$ 51,70) e "Um Momento de Louros Verdes" de Gore Vidal (mesmo tradutor, 140 páginas, Cz$ 53,20). Prêmio Nobel - 1976 por sua compreensão humana e análise sutil da cultura contemporânea, Saul Bellow (Lachine, Canadá, 1915), tem uma obra que reflete um profundo conhecimento da vida americana. E em "Agarre a Vida" relata o drama de um jovem, Tommy Wilhelm, que tenta alcançar vários sonhos, sempre frustrados: ser artista em Hollywood, separado da mulher, desempregado, desamparado pelo pai, enganado por muitos. Com uma estrutura extremamente humana, "Agarre a Vida" é considerado um dos seus mais densos romances. Já "Um Momento de Louros Verdes" chega após a recente publicação de "Juliano", já em segunda edição. Este "A Thirsty Evil" - título original de "Um momento de louros verdes" é o segundo de uma série de livros de Gore Vidal, 61 anos, que a Rocco comprou os direitos para publicação no Brasil. Ainda este ano, no segundo semestre, o leitor terá o tão esperado "Lincoln", considerado memorável pelos mais exigentes críticos literários americanos. Gore Vidal, filho de políticos, enteado de banqueiro, aparentado do clã dos Kennedys, está completando 40 anos de atividades literárias pois foi em 1946, aos 20 anos, que publicou "The City and the pilar" (A longa espera do passado), em que fez o elogio do homossexualismo, com o qual se tornou uma celebridade polêmica. E em "Um momento de louros verdes", coletânea de contos, Vidal continua a abordar o controverso tema do homossexualismo, com segurança e sensibilidade, sugerindo mais do que dizendo, traçando o retrato sincero da solidão daqueles que escolheram as formas menos regulares de amor. Vidal é conhecido também por suas ligações com o cinema. Em 1968, "Myra Beckinridge" foi levado à tela (no Brasil, "Homem e Mulher Até Certo Ponto"), com Raquel Welch, Mae West e John Huston. Adaptou para o filme de John Huston e escreveu o roteiro de "Calígula", a superprodução de Bob Guccione ("Penthouse"), dirigida por Tinto Bras. Mas outros de seus romances também aqui foram editados como "A longa espera do passado" (1971), "Kalki" (1979) e "Criação" - além de "Juliano" (1985) e, agora, este "Um Momento de Olhos Verdes".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Leitura
5
25/05/1986

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