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Aramis

As grandes orquestras

A recente temporada da Orquestra do Concertgebow, de Amsterdã, no Rio e São Paulo, proporcionou não apenas que o público dessas duas capitais tivesse oportunidade de ver uma das melhores orquestras do mundo como, principalmente, fez com que a Polygram lançasse neste mês nada menos de três esplêndidas gravações da Concertgebow, duas das quais com regências de Bernard Haitink, regente titular há vinte anos e que em 1986, deixará a orquestra holandesa para assumir a direção musical do Convent Garden, em Londres. Uma das edições é um álbum duplo, trazendo as sinfonias nº5 (em dó-sustenido menor) e a nº 10 (Inacabada) de Gustav Mahler (1860-1911), compositor de quem a Concertgebow gravou a íntegra das obras. Aliás, esta gravação já havia sido editada no Brasil, há treze anos, pela mesma Polygram, quando Maurício Quadrio, dirigindo o setor de projetos especiais, teve a coragem de colocar ao alcance dos brasileiros todas as sinfonias de Mahler na interpretação de Concertgebow. Em compensação, os dois outros álbuns trazem registros inéditos: com Haitink na regência, a Concertgebow apresenta duas preciosas obras de Goerges Bizet (1838-1875): a Sinfonia nº 1, em Dó, escrita no final de 1855, quando o compositor contava apenas 17 anos e a "Pequena Suíte" dos "Jogos Infantis", obra de 1871 - composta integralmente por doze peças para dois pianos. Em longa entrevista, a jornalista Laura Greenhalgh, do "Jornal da Tarde" (21/9/85), Haitink, 56 anos, declarou que "o disco representa um lado muito importante da minha vida musical", com uma ressalva: "A primeira diferença ocorre aqui: eu não amo a gravação, mas eu gosto muito de gravações. Eu posso não ouvi-las, mas tenho todas comigo. Registrei cerca de cem obras só com a Phonogram, que assim compôs quase toda a minha existência fonográfica". A declaração de Haitnik explica porque as gravações feitas com a Concertgebow são tão respeitadas e admiradas: "Bem, eu costumo apresentar uma determinada obra uma, duas, três vezes, pelo menos, até achar que está no ponto de gravação. Realmente, não gosto de entrar num estúdio para fazer uma música que não foi apresentada antes. Música é como um bom vinho: precisa assentar. Fazer um disco, assim, de momento, não me agrada, não. Enfim, o disco tem de ser uma extensão do concerto. Tudo é realizado com olhos e ouvidos muito críticos". Como toda grande orquestra, a Concertgebow também se apresenta com maestros convidados. E o terceiro álbum que está nas lojas a traz com regência de Antal Dorati, 79 anos, maestro e compositor de origem húngara, aluno de Bartok e Kodály. Regente das Sinfônicas de Minneapolis (1949-1960), da Sinfônica da BBC, da Sinfônica Nacional de Washington e, há dez anos, da Royal Philharmonic de Londres, Dorati já gravou a sinfonias completas de haydn. Em junho de 1983, em Amsterdam, regendo a Concertgebow, gravou duas belíssimas obras de Bela Bartok (1881-1945): Concerto para orquestra, estreado em 1944 (em Boston) e "Duas Imagens" (opus 10), escritas em 1910 e cuja estréia se deu em Budapeste, no ano de 1913.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
37
03/11/1985

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