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Guarapuava vai ganhar rádio e TV educativa

Silenciosamente, sem alarde, estão sendo implantadas em Entre Rios, município de Guarapuava, uma estação de rádio e televisão educativa - que se integrarão ao Sistema Nacional de Radiodifusão Educativa, que entra em 1987 com um conjunto de 42 emissoras em operação e 11 que estão sendo montadas. Dessas, oito são emissoras de rádio e três são canais de TV (em Alfenas, Minas Gerais; João Pessoa, Paraíba e Guarapuava). Sem estabelecer datas e fantasiar a respeito, o governador eleito Álvaro Dias se preocupa com a ausência do Paraná na área da radiodifusão educativa. Só que a implantação de uma TVE exige hoje muitos milhões, material importado e pessoal altamente qualificado. No calamitoso governo José Richa, o editor Faruk El Khatib, ex-Grafipar, ex-Correio de Notícias, assumiu a direção da Rádio Estadual do Paraná confiando nas promessas que seu amigo de quibadas, Zé Richa, havia feito: dar condições para criar uma fundação que dinamizasse a emissora oficial e implantar a televisão. Um ano e pouco depois, desiludido, frustrado, Faruk preferiu voltar às suas atividades particulares, editando revistas "erótico-educativas", por ver fracassadas suas tentativas de realizar algo de concreto. Executivo dinâmico, acostumado a grandes empreendimentos - sem falar inglês, após 10 viagens a Nova Iorque conseguiu de Bob Guccione, os direitos de ditar no Brasil a "Penthouse" (que lhe deu muitos prejuízos mas o colocou nacionalmente como editor de prestígio), Faruk confessou a amigos que não se acostumou à burocracia estatal. E mesmo com toda amizade por Zé Richa, não conseguiu fazer na Estadual o que desejava. Por isto, numa atitude honesta e coerente, pegou o chapéu e deixou o cargo. Aliás, hoje ocupado por um amigo de infância do governador João Elísio, o simpático Tony Carleto. Quando se olha o mapa atualizado das emissoras do Sistema Nacional de Radiodifusão Educativa - como o publicado no último número do "Jornal da Funtevê" (dezembro/86), órgão oficial da Fundação Centro Brasileiro de TV Educativa, do Ministério da Educação, sente-se o atraso do Paraná nesta área. Afinal, hoje existem TVEs em funcionamento no Rio de Janeiro, São Paulo, Pará, Acre, Amazonas, Maranhão, Imperatriz (Maranhão), Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Aperipê-RTA de Sergipe, Bahia, Minas, Espírito Santo, TVE Piratini do Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, TV Madeira-Mamoré de Rondônia e a TV Pio XII, de Juiz de Fora, que mesmo sem integrar formalmente o Sinred, retransmite a sua programação. xxx O Paraná está ausente desta rede pela falta de interesse de seus homens públicos e fraqueza de certas pessoas em tomarem decisões na hora certa. Não custa lembrar, mais uma vez, que quando Ney Braga foi Ministro da Educação e Cultura, o diretor do Prontel era o professor Mousinho Coelho. A Fundação Konrad Adenauer, da República Federal da Alemanha, ofereceu todo equipamento para a implantação de uma TVE, que, Mousinho, como bom paranaense, tentou trazer para Curitiba. Em contrapartida, a Secretaria da Educação e Cultura, ocupada na época pelo engenheiro-sanitarista Francisco Borsari Neto (hoje tranqüilo procurador do Tribunal de Contas do Estado), teria apenas que oferecer o espaço físico e pessoal para seu funcionamento. Alegando falta de recursos e dificuldades para "treinar equipes", Borsari Neto demorou em tomar uma decisão a respeito, de forma que, a doação alemã acabou indo para o governo do Amazonas, onde, com dinamismo e energia, foi implantada a TVE. E o Canal 2, reservado pelo Dentel para uma TVE acabou sendo ocupado, pouco depois, por uma televisão comercial (TV Curitiba).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
07/01/1987

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