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Aramis

A guerra da circulação no "Largo da Desordem"

A guerra do estacionamento no Largo da Ordem - ou da Desordem, conforme a expressão cunhada pela germânica taberneira Ingeborg Rust - vai continuar. De um lado, o Ippuc e a Polícia Militar, dispostos a impedir a transformação do setor histórico da cidade num estacionamento para quem freqüente os pubs e restaurantes que surgiram naquela área. De outro, os comerciantes, alegando prejuízos, exigindo que os fregueses tenham o comodismo de estacionarem os veículos defronte os ambientes noturnos. Há comerciantes que aceitam soluções conciliatórias, de bom senso, como Ingeborg ("Humel Humel") ou Orlandinho Hauer ("Tapioca"), que rconhecem que ao redor do histórico bebedouro, no Largo Coronel Enéas, realmente os veículos não devem estacionar. Alegam, ntretanto qu nas ruas próximas, de acesso - São Francisco, Claudino dos Santos e primeiro trecho da Mateus Leme - o estacionamento deve ser livre. Mas há também os comerciantes radicais, que desejam total "liberdade", com trânsito livre, como se a área fosse para os garotões e suas namoradinhas desfilarem de carros nos embalos noturnos. Com isto, o Ippuc não concorda e a prova está na nota oficial distribuida pelo órgão de planejamento, que diz: "através do trabalho conjunto - Ippuc - Fundação Cultural - foi regulamentado o acesso de veículos na área do Largo da Ordem, considerado espaço urbano de preservação. O largo deixa de receber veículos, podendo, no entanto, a carga e a descarga de mercadorias ser feita em horários específicos. Também o acesso as garagens naquele setor não será vedado, desde que o proprietário ou interessado esteja munido de autorização expedida pelo Ippuc. Como não pode haver dois pesos e duas medidas, a municipalidade deverá, a curto prazo, animar a área, com a colocação de bancos, flores e inclusive um coreto, a ser utilizado pelos artistas locais, dentro das diretrizes da "FCC". xxx A queda no movimento dos estabelecimentos comerciais localizados no setor, mesmo considerando outros fatores ( festas de fim-de-ano, férias, recessão econômica etc.) vem sendo atribuída pelos donos de bares e restaurantes e mesmo do açougue existente no Largo, ao não acesso de veículos. Por isto, reunidos em inflamadas assembléias, os mesmos estão dispostos a contratarem um batalhão de advogados para defenderem seus direitos, além de formar um lobby para, junto aos vários scalões do poder executivo e legislativo, "derrubarem" as determinações do Ippuc. Nestas alturas, o arquiteto Sérgio Pires - primogênito de Gilberto de Abreu Pires, um dos mais importantes assessores diretos do presidente João Figueiredo - vem sendo espinafrado pelos comerciantes do setor histórico. É que cabe a Pires a coordenação deste setor, especialmente com a proibição dos veículos - no que tem o apoio do prefeito Maurício Fruet. Em sua nota, o Ippuc justifica a proibição do acesso e estacionamento de carros, "pois liberar o seu estacionamento - ou mesmo a circulação - no largo, é o mesmo que fazê-lo ao longo de toda a Rua XV de Novembro, uma vez que ambos os espaços são reservados, exclusivamente, aos pedestres". xxx Em contrapartida, o tenente-coronel Aymoré, comandante do Policiamento da Capital, promete reforçar a fiscalização na Rua 13 de Maio e adjacências, garantindo segurança aos que estacionarem seus veículos naquelas vias. Outra reclamação - esta não apenas dos comerciantes, mas de todos que freqüentam o setor histórico - é a permanência de prostitutas, marginais e pivetes no local, onde existe inúmeras pensões de baixo nível. A propósito deste problema, o Ippic garante que "a gradativa elimnação de hotéis ali estabelecidos também est´na meta municipal, pois é inadmissível a animação da área e o convívio com a prostituição crescente". Aliás, em seu humor germânico, a taberneira Ingeborg Rust, criou outra definição para o Largo da Desordem: - "Isto aqui virou o largo dos três poderes: dos três P: prostitutas, pivetes e proxenetas .... "
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
05/01/1984

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