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Aramis

É a hora de localizar os aparelhos mal utilizados

A Biblioteca Pública do Paraná terá em breve uma cabine de 35mm, possibilitando que no auditório Paulo Garfunkel sejam exibidos curtas, médias e longas-metragens, dentro de um programa cultural - o qual, se espera, seja bem conduzido. A cabine de projeção, em fase de reparação pelo técnico Zito Alves, encontrava-se abandonada no Palácio Iguaçu. Ali havia sido instalada, há 20 anos, no primeiro governo Ney Braga e, nos últimos anos, pouco foi utilizada. Bastou o secretário René Dotti, da Cultura, solicitar ao governador Álvaro Dias, que este, imediatamente, entendeu a importância de que o aparelho sirva a comunidade e não fique, egoisticamente, no Palácio. Assim, um comodato por 4 anos, possibilitará que a Biblioteca amplie suas atividades culturais na área do cinema. O próximo governador, se quiser retirar o aparelho para mordomia palaciana, enfrentará, é claro, a oposição da opinião pública. No Palácio da Justiça, em luxuosíssimo auditório - inaugurado quando o desembargador Alceste Ribas de Macedo presidia aquela côrte - existe também um ótimo equipamento de 35mm, raramente utilizado. Afinal, os ilustres desembargadores e altos funcionários do Tribunal de Justiça não são fãs de cinema. Seria muito simpático que a atual presidência do Tribunal oferecesse esta cabine para um organismo cultural, capaz de melhor utilizar a cara aparelhagem - hoje custando acima de Cz$ 300 mil. xxx O Departamento Estadual de Arquivo e Microfilmagem recebeu na última quinta-feira, 25, um aparelho de microfilmagem, 35mm, marca 3M, que estava desativado no Instituto de Geografia, Terras e Florestas. Como aquele órgão dispõe de um aparelho Kodak, mais sofisticado, sua direção, numa atitude bonita, cedeu o aparelho ocioso para que o DEAM possa desenvolver trabalhos de microfilmagens de periódicos e documentos. E graças a isto, está sendo apressada a documentação em micro filmes da coleção do "Diário da Tarde", a partir de 1912, pertencente a Biblioteca Pública do Paraná. Aliás, todas as coleções de jornais da Documentação Paranaense da Biblioteca Pública do Paraná necessitam ser microfilmadas, sob risco da consulta de milhares de leitores acabar por destruir as coleções únicas ali existentes. Sensível a história, entendendo a importância de preservar (e divulgar, na medida do possível), os documentos existentes, o advogado Francisco Brito de Lacerda, diretor do Arquivo Público, quer dar continuidade a publicação fac-similar de "O Dezenove de Dezembro", primeiro jornal editado no Paraná. Os três primeiros anos (1853/55), foram publicados na gestão de Luiz Roberto Soares, na Cultura. Graças ao empenho da professora Cassiana Lacerda Carolo. Brito de Lacerda - que é tio de Cassiana - como diretor da Imprensa Oficial, publicou mais dois volumes. Espera-se, agora, que a "tia" Gilda Poli, ex-secretária da Educação e premiada pelo governador Álvaro Dias com o cargo de diretora da Imprensa Oficial, saiba apoiar o esforço de Brito de Lacerda e não crie dificuldades para que o "Dezenove de Dezembro" tenha seqüência em sua reedição. Afinal, o jornal circulou por mais de 15 anos e para completar a coleção será necessário muito esforço. xxx A cabine de projeção em 35mm que estava abandonada no Palácio do Governo, a máquina de microfilmagem que o IBDF cedeu ao Arquivo Público e o aparelho de 35mm que o Tribunal de Justiça possui e não utiliza, são exemplos de equipamentos ociosos que podem servir a outras repartições. Afinal, por razões que nem vem ao caso discutir, muitas administrações adquirem caras aparelhagens que acabam ficando encaixotadas ou recebendo pó, sem serventia prática. Entretanto, poderão ser úteis em mãos competentes. Antes de assumir a Secretaria da Comunicação Social - e quando ainda tinha tempo para falar com os velhos amigos, interessados em fazer sugestões - o jornalista Fábio Campana prometeu que, tão logo iniciasse a administração Álvaro Dias, iria proceder um levantamento de todo o material audiovisual existente no Estado. Sabe-se que há câmeras de filmar, aparelhos de vídeo, laboratórios de revelação, máquinas fotográficas, projetores de 16, 35mm e Super 8, aparelhagem de slides, etc., em muitas secretarias e companhias de economia mista. Se algumas utilizam, obviamente, este material, outras nada fazem. Enquanto isto o Museu da Imagem e do Som - que continua da "Imaginação" - alega que não pode dinamizar suas atividades pela falta de equipamentos. Há dezenas de jovens com sonhos de realizar projetos em vídeo e 16mm, que não dispõem de material para seus filmes. Mesmo a Cinemateca, da Fundação Cultural, não dispõe de um único aparelho em vídeo, recorrendo a empréstimos de particulares para suas realizações. Assim, está na hora do Governo fazer um inventário do que existe e de como é utilizado. Um amplo levantamento, que vai revelar, por certo, muitos aparelhos em condições de serem usados em órgãos que deles precisem. Como o governador Álvaro Dias mostra que não teme mexer em casa de marimbondos - e a campanha pela moralização do serviço público é um salutar exemplo disto - está na hora de verificar o material que o Estado adquiriu com recursos do povo: está servindo para quem? No mínimo, serão feitas muitas revelações que podem até ganhar manchetes nas páginas policiais.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
17
01/07/1987

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