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Aramis

A hora de pôr ordem na casa

Desde o dia 1º de julho, novas regras no mercado do vídeo. Afinal, hoje quase 6 mil locadoras em todo o País movimentando milhares de cópias e com faturamentos que atingem bilhões. Gente enriquecendo a custa da pirataria, do desrespeito total aos direitos autorais, fraudando a Receita Federal, o município, o Estado e a União. Uma briga-de-foice que possibilitou a entrada de centenas de "picaretas" e aventureiros, prejudicando, com isto, os empresários que realmente acreditam no vídeo. Portanto, não foi sem razão que a reunião acontecida no amplo Anhembi, em São Paulo, há duas semanas, levou mais de 2 mil representantes de locadoras e videoclubes para ouvir as palavras das autoridades ligadas a questão, especialmente o CONCINE, Conselho Nacional de Cinema, que, afinal, decidiu entrar para valer no mercado. xxx São muitas as implicações existentes e os interesses envolvem milhões de cruzados. De meras associações nascidas para reunir aficionados ao vídeo, possibilitando a permuta dos poucos títulos que existiam há menos de 5 ou 6 anos, o negócio começa a se tornar mafioso, com laboratórios modernos para piratear tudo que for possível, locadoras improvisadas em garagens para trabalhar quase que exclusivamente com péssimas cópias piratas, numa ânsia de lucros imensos. Muitas delas disfarçam apenas pontos de contrabando de aparelhos, fitas virgens ou pré-gravadas, compradas no Exterior. Enfim, um caso de polícia - no caso a Federal, que há tempos está de olho nos que atuam neste setor, com conexões ilegais. xxx A legislação sobre o vídeo no Brasil justificou a edição de um volume de 54 páginas ("Cinejornal", EMBRAFILME, nº 7), no qual o assunto é exaustivamente esmiuçado, através de matérias que focalizam desde a produção em videocassete até a questão básica que aflige o setor: a pirataria. Fenômeno relativamente recente no Brasil, o vídeo só a partir de 1982 pode dispor entre nós de aparelhos, equipamentos e bibliografia. Com esta edição sobre "O Vídeo no Brasil", informa-se objetivamente sobre as questões referentes a distribuição, mercado, participação dentro das emissoras de tevê e empresas privadas, a cobertura dos movimentos populares, as mostras, festivais e encontros de vídeos realizados no ano passado, abordando ainda - e especialmente - a legislação dos setor, as relações com o cinema. xxx Se a questão da retirada das locadoras das fitas alternativas é ainda discutível - enquanto as grandes produtoras-distribuidoras americanas não agilizarem seus lançamentos no Brasil (só agora, neste segundo semestre, a Warner / Columbia / Fox deverão seguir o exemplo da CIC e lançarem suas produções em vídeo), no que se refere a produção nacional a ação do CONCINE será rigorosa. Qualquer fita pirata - copiada de uma matriz selada ou de televisão - que for encontrada numa locadora acarretará pesadas multas e, na reincidência, o fechamento da empresa - além de processo contra seu proprietário. Afinal, os filmes brasileiros estão chegando ao vídeo antes mesmo de uma distribuição nacional no circuito tradicional e desde "miuras" antológicas como "Limites" (1929, de Mário Peixoto), as mais comerciais produções, são, mensalmente, editadas em cópias legais, de forma que não há desculpas para qualquer pirataria contra nosso cinema. Ao contrário, com a atenção dada a produção brasileira - e nisto valeu a legislação que obriga os lançamentos pelas empresas - está proporcionando que se reveja praticamente tudo que de importante foi realizado no Brasil a partir dos anos 30/40.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Vídeo/Som
4
05/07/1987

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