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Aramis

Itaipu 2.000 (II) - Um novo litoral no Interior do Paraná

A idéia de Itaipu, um novo litoral - que poderá até ser slogan para toda uma campanha imobiliária - está baseada em fatos concretos no que se referem ao lazer e turismo que oferece o lago de 1350 quilômetros com uma margem fronteiriça de aproximadamente 1200 quilômetros - ou seja, uma atração que poucos Estados dispõem. Há, assim, uma paisagem extraordinária somada a um verdadeiro "mar doce" que possibilita inúmeras atividades - esportes aquáticos, navegação, construção de marinas, e o próprio uso do lago como seria em várias partes. Verdadeiros loteamentos de lazer, inclusive para fins-de-semana - e não só de férias - tendo inúmeras atrações, a serem criadas à proporção em que os projetos sejam implantados de forma racional e conômica, tornarão atividades nesta área viáveis - e que, obviamente atrairão investimentos internacionais caso não haja, da parte brasileira, a necessária agilização. A meta seria oferecer condições que "segurem" o turista na região por mais do que 2 ou 3 dias - atualmente o tempo máximo de permanência em Foz do Iguaçu - que recebe uma média de 3 milhões de visitantes por ano, entre brasileiros e estrangeiros. Mas nem só de turistas com cruzados disponíveis ou, especialmente, as verdes notas impressas do Tio Sam é que se vê potencialidades extraordinárias no que chamamos de novo litoral paranaense. Há um contingente populacional expressivo nas regiões Oeste, Norte e Sudoeste do Paraná que para chegar até o litoral paranaense necessitam percorrer, conforme o caso, 500 a 800 quilômetros. Grande parte desta faixa de população - com um poder aquisitivo em ascensão (afinal, há o que se chama de novos ricos do Sudoeste) preferem, inclusive, o litoral catarinense - senão a sofisticação de praias de outros Estados, inclusive do Nordeste. Assim, pode-se imaginar que há um mercado a espera de um lazer aquático - traduzido não só pelos que enriqueceram na região, mas também a classe "C", esta, até hoje impossibilitada de sequer conhecer o litoral. Uma projeção verificando que a população compreendida num raio de 170 Km do lago - distância possível de ser coberta por rodovias bem conservadas em 2,5 a 3 horas, atinge uma cifra de 2,5 milhões de habitantes. Ter o mar como lazer de fins de semana para esse formidável contingente de pessoas é praticamente inatingível. Portanto, eis o ovo-de-Colombo em termos de planejamento e empreendimentos turísticos: - "Por que não vender o lago de Itaipu como "novo litoral", o mar próximo, atraindo não só brasileiros, mas também paraguaios e argentinos que estão na área de influência? Bastaria 10% da população acima citada se entusiasmar por um plano de lotes de lazer na região - 250 mil pessoas que caracterizam em me'dia 50 mil famílias (portanto 50 mil lotes) - para ocupar perto de 150 dos 1200 quilômetros de margens do lago. A atração de uma população, mesmo que flutuante, para uma imensa área de lazer viria a exigir toa infraestrutura urbanística. E nasceria uma ocupação linear às margens do lago, nos trechos dos municípios lindeiros que melhores condições oferecerem. Justamente neste ponto é que a visão de urbanista e planejador do arquiteto Rafael Dely, um dos consultores do grande projeto, se fez sentir: o surgimento de uma (ou mais) cidades lineares ao longo do lago. Explica Dely: - "As atividades surgirão na região - com o adensamento urbano, atividades econômicas (lojas, restaurantes, bares, atendimento ao público etc.) e lazer - que numa projeção otimista poderá chegar a 50 mil lotes - se concentrando junto ao lago, em contato direto com o mesmo, por razões de paisagem, viabilidade e economicidade. Elas poderão estar juntas ou separadas, neste ou naquele município, dependendo do interesse, necessidade ou razões específicas de localização inerentes a cada empreendimento". A idéia básica proposta por Rafael Dely - e aprovada para constar nas Diretrizes de Desenvolvimento Regional - foi a de ser utilizada uma faixa lindeira ao lago, de 200 a 250 metros de largura, que esconde tais atividades. Implantadas dentro da faixa com aquela dimensão, presupõe um desenvolvimento linear das atividades e como o caráter de muitas é urbano, haverá margeando o lago aquilo que já se pode chamar de cidade linear. Com sua experiência de planejador e também trabalhando em inúmeros projetos arquitetônicos, Rafael Dely, em sua consultoria, definiu a largura da faixa em torno de 200 a 250 metros, por razões práticas. A primeira delas é reduzir ao máximo a intervenção na estrutura tanto física como econômica atualmente existente na região. Simplificando: não perturbar a atividade agrícola, principal força econômica dos municípios. Ou seja, a cidade linear conviveria entre o lago e a zona agrícola, numa ocupação regional do espaço - mas valorizando-o bastante. Em segundo lugar, se criaria uma aderência ao lago, isto é, deixar as pessoas, principalmente nas atividades de lazer e turismos mai próximas da água, a fim de que se desperte maior interesse e viabilize melhor os empreendimentos. Em terceiro lugar, a pouca profundidade da faixa a ser ocupada pela futura cidade linear - provocará pontualmente menos contribuição - menos esgotos, por exemplo - o que possibilitará seu tratamento quase por autodepuração, mantendo-se a qualidade e limpeza da água do lago. O engenheiro Nicolau Kluppel, 54 anos, um dos mais desenvolvidos sanitaristas do Paraná e responsável por inúmeros projetos desenvolvidos em Curitiba, foi quem deu consultoria nesta área técnica - respondendo, assim, antecipadamente, a naturais questionamentos que serão levantados nos debates a serem promovidos pela diretoria de coordenação neste primeiro trimestre. Vários aspectos relacionados a esta parte do projeto - inclusive de um provável aprofundamento da faixa, para outras atividades - também foram levantadas e a respeito delas falaremos na coluna de amanhã.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
31/01/1990

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