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Aramis

Ivens, o pesquisador

Aos 68 anos, Ivens Lagoano Pacheco, gaúcho de Lagoa Vermelha mas paranaense há 3 décadas, é um dos homens mais conhecidos do Estado. Ermitão numa ilha do Rio Paraná no início dos anos 50, pioneiro de Maringá - onde fundou e dirigiu por 13 anos o primeiro jornal diário, ex-proprietário de churrascaria ("Quero-Quero"), orgulhoso do título de melhor assador de churrascos da cidade ("e do sul mundo", segundo seu amigo Enock de Lima Pereira), Ivens é também um jornalista que sabe dar valor a pesquisa e a documentação. Seu livro "memórias de um Bom Sujeito", conhecido apenas por uma condensação publicada na revista "Panorama", em 1969, é um importante documento sobre os tempos heróicos de Maringá e é uma pena que até agora nenhum dos prefeitos daquele município tenha tido suficiente inteligência e sensibilidade para patrocinar a sua edição - e o bom Ivens, embora rico em amigos (e também alguns inimigos, é claro, como todo homem de opinião) não dispõe de recursos para financiar suas obras. xxx Felizmente, outro de seus trabalhos de documentação não ficou recebendo poeira nas gavetas: assessor da Secretaria do Interior e Justiça há mais de 8 anos, ao contrário de tantos burocratas acomodados (ou fantasmas), Ivens soube merecer os salários recebidos e, a custa de muito sacrifício - que só os que se integram a pesquisa conhecem - conseguiu fazer um completo levantamento da história da pasta, criada pelo então "presidente do Estado" Francisco Xavier da Silva à 27 de abril de 1892. Foram anos de consultas em desorganizados arquivos, entrevistas com velhos agora, finalmente, reunido num válido e importantíssimo documentário: "Retrospectiva Histórica da Secretaria da Justiça (Imprensa Oficial do Estado, 435 páginas, abril/77, distribuição gratuita e dirigida). O próprio Ivens, em sua modéstia gaúcha, desculpa-se de não ser "obra completa e perfeita, embora carente da precariedade das fontes de consulta", mas não há motivos para tanto: em ordem cronológica, Ivens oferece informações sobre a pasta, com transcrição de documentos e, incluindo uma valiosíssima parte com a biografia dos 58 ex-secretários da Pasta - e encerrando com Túlio Vargas, advogado, deputado federal, escritor e que justamente por ter sensibilidade para a pesquisa soube estimular e publicar o trabalho de Ivens. xxx É uma pena que no deserto cultural do Paraná, poucos homens públicos tenham a visão de Túlio Vargas para a importância de pesquisas, ensaios etc. serem editados. Pois se existissem outras autoridades com o seu espírito, uma pessoa como dona Maria Nicolas não estaria há anos lutando para editar os dois volumes de "Alma das Ruas" - que apesar de todo o interesse para o município, continua a ser ignorado pelos momentâneos donos da cultura local. Enquanto tantas publicações supérfluas - e de autores muito discutíveis - ganham festivos lançamentos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
28/04/1977

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