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Aramis

Justiça a Déo

Ao se propor a realizar a série de reedições para a Continental, utilizando o seu impressionante acervo, o pesquisador João Luiz Ferreti decidiu que não se restringiria aos nomes conhecidos e ainda com uma popularidade capaz de garantir boas vendas, mas também procuraria revalorizar artistas injustamente esquecidos. E tanto é que o volume 20, é dedicado a um cantor dos mais importantes durante pelo menos duas décadas (30/40) e que hoje não é lembrado por muitos poucos: Déo (Ferjalla Rizkalla, 10 de janeiro de 1914 - 23 de setembro de 1971). Pertencente a geração dos grandes cantores de rádio, Déo (o nome artístico lhe foi dado pelo radialista Celso Guimarães) se tornou conhecido como " O Ditador de Sucessos", tendo lançado alguns dos melhores sambas de Ary Barroso (1903-1964), como P'ra Machucar meu coração" (que em 1967, seria regravado por João Gilberto), originalmente lançado em 4 de setembro de 1942, e " Terra Seca", que com a orquestração de Lírio Panicalli foi lançado em 21/6/1944. Mas foi Déo também quem gravou pela primeira vez sambas antalógicos como " Nervos de Aço" (de Lupicínio Rodrigues em 29/5/1947), " Até Parece Que Eu Sou da Bahia" (Roberto Martins/ J. Batista) em setembro de 1942, além de músicas de Wilson Baptista, que foi um de seus maiores amigos. Ao longo de sua vida, Déo trabalhou em muitas rádios, gravou em diferentes fábricas e deixou uma obra numerosa - embora pouco conhecida. Por isso, é dos mais significativos o esforço que Ferreti, com ajuda dos pesquisadores Miécio Caffé e Walter Alves, fez agora em revalorizar Déo, lhe dedicando o volume 20 da série da Continental. Ferreti, selecionou 10 das melhores gravações feitas por Déo naquela fábrica, entre 1936/47, acompanhados de um encarte com quatro páginas repletas de informações, situando o cantor em sua época. Ouvindo-se Déo cantar músicas como " Sinto Lágrimas" (Francisco Malfitano/ Aloisio Silva Araújo), " Mulher de Luxo" (Newton Teixeira - Edelyr Gameiro), " Cochichando" (Pixinguinha - João de Barro - Alberto Ribeiro), " Eu Nasci no Morro" (Ari Barroso) e " Ela Era Boa" (Alberto Ribeiro - Roberto Roberti), com acompanhamentos de Benedito Lacerda, Napoleão e seus Soldados Musicais, Raul de Barros e sua banda, entre outros conjuntos, sente-se, mais uma vez, quanto a beleza existe na emepebe, esquecida e ameaçada de se perder. Ainda bem que existem produtores como Ferrete e gravadoras como a Continental que sabem dar valor a nossa memória musical.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
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12/09/1976

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