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Karl Bohn, quase Karajan...

De Herbert Von Karajan Bohm é hoje o maestro de maior renome no Brasil frente a Orquestra Filarmônica de Viena - e, ocasionalmente regendo outras orquestras. Bohm é um maestro com uma incrível força, requisitadíssimo fará longas temporadas e na Deutsch Grampel sem dúvida à mais importante fábrica de discos clássicos da Alemanha. No Brasil, a orquestra de Filarmônica de Viena sob regência de Bohm tem dadas regularmente pela Poligram, que sabe do público de que ele desfruta em duas peças que escolhe para recentemente, mais cinco com Bohm regendo a Filarmônica de Viena foram colocadas nas lojas, como sempre, com o mais alto requinte do nome artístico. Quatro elepês em obras de Wolfgrand e Mozart (1765-1791), sendo assim a obra do compositor alemão, já bastante através da própria Grammophn/Phonogran editou duas caixas, de elepês, contendo as suas importantes criações. Tendo por solista Maurizio Pollini, ao piano, os concertos para piano e orquestra n. 19 (já maior, Coroação) e lá maior. As Sinfonias n. 33 e 34, compostas em Salzburgo, em julho de 1788 e agosto de 1789, os Concertos para dois pianos em orquestra em mi bemol maior e concerto para piano e orquestra em Si Bemol, com Elena e Emil Gilels como solistas, o "Concerto para Flauta e Harpa", com Wolfgang Sclfulz, na Flauta, Nicanor Zabaleta, na harpa, Walter Lehmayer, no oboé, Peter Schmidl na clarineta, Gunther Hogner na trompa e Fritz Faltl, na fagote, mais a Filarmônica de Viena, constituem essa homenagem de Bohm a Mozart. O mesmo Maurizio Pollini, que solou os Concertos para Piano e Orquestra 19 e 23, de Mozart é o solista do Concerto para piano e orquestra, n. 4, em sol maior, opus 58, de Ludwig Van Beethoven (1779-1827). Obra considerada "pináculo entre as composições de Beethoven", o Concerto n. 58, teve sua estréia no palácio do Príncipe Lobkowitz, em Viena, em março de 1807. Cento e setenta anos depois, essa obra mantém a mesma dimensão e encantamento. Ainda com Karl Bohm, regendo a Filarmônica de Viena, temos um álbum com duas obras importantíssimas: de um lado, tendo os pianistas Alfons e Aloys Kontarksy e o violoncelista Wolfgang Herzer como solistas, a "Serenata em Sol maior" (Eine Klein Hachtmusk), de Mozart. No lado A, "O Carnaval dos Animais" de Camille Saint Saens (1835-1921), uma das provas mais convincentes de que a música pode ser cômica,, espirituosa, grotesca ou satírica. Quando estreou, em 1886, "O Carnaval dos Animais", surpreendeu o público, com Saint-Saens descrevendo os animais de maneira bastante óbvia: o rugido cromático dos leões na marcha da introdução; os rumores do galinheiro, a impetuosa corrida conjunta dos anos selvagens do Tibet sobre o teclado do piano, o saltitar dos cangurus, o ouvido atento a qualquer perigo a elevar-se das bolhas de ar do aquário, o zurrar dos asnos. Enfim, uma música de imensa criatividade, numa interpretação perfeita. De Saint Saens, temos mais duas obras em outro lançamento da Phonogram: com a Orquestra Sinfônica da Rádio de Frankfurt, sob regência de Eliahu Inbal, as Sinfonias número 1 (Mi Bemol Maior) e n. 2 (Lá menor), escritas em 1852 e 1859, respectivamente. O regente da Sinfônica da Rádio de Frankfurt, Eliahu Inbau, nascido em 1936, em Israel, estudou no Conservatório de Jerusalém e na Academia de Música. Estreou com a Orquestra Sinfônica da Juventude de Israel e durante sua prestação do serviço militar foi chefe de uma orquestra combinada do Exército e da Juventude, que ganhou o primeiro prêmio no Festival de Kerkrade, na Holanda, em 1958. No mesmo ano teve contato com Leonard Bernstein, que o recomendou para uma bolsa da Fundação Israel-América para estudar regência no Exterior. E ele estudou na Holanda, sob a orientação de Franco Ferrara, no Conservatório Nacional de Paris, com Louris Fourestier e em Siena com Sergiu Celibadache. Sua carreira internacional de regente começou propriamente quando ganhou o Concurso Internacional Guido Cantelli em 1963. Excursões artísticas pela Europa, Israel, Estados Unidos e Escandinávia sucederam-se então e a partir daí Eliahu Inbal tem sido constantemente solicitado como regente convidado e se tornou uma figura conhecida e respeitada nos grandes festivais de música do mundo. Desde 1974 substituiu a Dean Dixon como regente da Orquestra Sinfônica da Rádio de Frankfurt. A mesma Sinfônica de Viena, que sob a regência de Karl Bohm, gravou as peças de Mozart, registradas anteriormente, acompanhada um dos maiores pianistas comtemporâneos - Lazar Berman, sob a regência de Carlo Maria Giulino, no registro dos Concertos para piano e orquestra número 1 e 2 de Franz Liszt (1811-1886) (Deutsch Grammophon/Phonogram, 2530770, junho/77). Outra orquestra austríaca - a do Festival de Viena, sob direção de Hans Hagen, é apresentada pela pequena mas atuante etiqueta especializada em música clássica - Academia Santa Cecília de Discos, no lp "Sucessos Mundiais de danças clássicas", com peças de três autores: Alexandre Borondin (1833-1887) "Danças Polovetzianas do "Príncipe Igor"; Peter Iljistch Tschaikowsky (1840-1893) "Polonaise e Valsa do "Eugen Onegin", Valsa de entrada, Dança dos Cisnes, Czards do "Lago dos Cisnes" e "Valsa da Princesa Encantada" e a Dança Árabe de "Peer Gynt" de Edward Grieg (1843-1907). xxx FILARMÔNICA DE LONDRES - A Filarmônica de Londres, que através de lançamentos recentes da Odeon/Angel, apreciamos numa série de gravações importantíssimas, pode ser ouvida sob a regência do maestro holandês Bernard Haitink, 49 anos, no registro de uma das mais famosas obras contemporâneos: "A Sagração da Primavera" de Igor Strawisnky (1882-1971). Considerada uma obra-prima que, como registra o crítico Janathan Adams, "inverteu muitas, das aparentemente imutáveis prioridades da música", "A Sagração da Primavera" estreou em 29 de maio de 1913, no Théatre des Champs-Elysées, sob a regência de Pierre Monteux. Jean Cocteau, o poeta cineasta francês, chamava "La Sacre du Printemps" de "As Geórgicas da pré-histórica" e o próprio Strawinsky preferia chamar "A Coroação da Primavera". Anos depois da composição da obra. Robert Craft perguntou a Strawinsky do que ele se lembrava mais de sua Rússia natal. Ele respondeu: "Da violenta primavera russa que parecia começar em uma hora e era como que um terremoto em todo planeta". Para Adams, "é isso que salta da música da partitura única de "A Sagração da Primavera": é a sagrada barbárie da natureza que Stravinsky celebrou. Editando o lp com essa obra, na interpretação da Filarmônica de Londres, sob regência de Haitink, a Phonogram colocou ao alcance do público brasileiro, uma das mais importantes obras da música contemporânea. A Filarmônica de Londres, sob regência de outro regente - Alexandre Gibson, e tendo como solista Christina Walevska, pode ser apreciada em outro excelente elepê (Philips/Phonogram, 6500224, agosto/77), com o Concerto para violoncelo em Si Menor, opus 104, de Antonin Dvorak (1841-1904) e Variações sobre um Tema Rococó de Tchaikowsky. Christine Waleska, nascida de uma família musical, desde 1963, quando estreou com a Sinfônica da Rádio de France, já fez mais de 50 tours, 25 dos quais na América do Sul. As suas gravações distinguem-se pelo tom especial de seu celo Bergonzi 1740, o qual pode ser considerado o Stradivarius dos celos, só existindo dois no mundo. Outra oportunidade de ouvir uma peça de Dvorak é proporcionada pelo Yuval Piano Trio (Deutsche Grammophon (Phonogram, 2530594), formado por Jonathan Zak (piano), Uri Pianka (violino) e Simca Holed (violoncelo). Eles executam o trio para piano, violino e violoncelo em Dó Menor, opus 90, o "Dumky". No lado 2, outro trio para a mesma formação, este de autoria de Friedrich Smetana (1824-1884). Volta a Orquestra Filarmônica de Londres, desta vez tendo por regente Charles Duoit (DG/Phonogram, 2530714, junho/77), e como solista Salvatore Accardo, um dos maiores violonistas do mundo, que os curitibanos aplaudiram, no palco do Guaira, há 3 anos, junto com o grupo I Musici. Nesta gravação a Filarmônica de Londres, Accardo é o solista dos concertos para violino e orquestra número em Ré Maior, opus 6, de Nícolo Paganini (1782-1840), criado possivelmente em 1811, mas que Paganini só mencionaria, pela primeira vez, numa carta em 1820.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal da Música
27
19/02/1978

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