Lançamentos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de novembro de 1975
Walter Queiroz, como todo bom baiano, é boa gente, bom papo, usa bigode e tem barba. Está com 30 anos, 26 de Salvador, 4 do Rio de Janeiro. Compositor, poeta, intérprete, publicitário e ainda carrega um diploma de advogado tirado na Faculdade de Direito da Bahia.
Walter já tem muitas músicas gravadas, algumas bastante conhecidas, outras aparecendo, como "Filho da Bahia", gravada por Fafá de Belém. Mas é somente agora que Walter Queiroz se lança como interprete em seu primeiro compacto simples. De um lado, "Ensopado de Triste", composto há 4 anos, de tom nostálgico, curtição dos tempos da Bahia. Do outro, um samba-choro, "Chinelo, Cadeira e Coração", ao mesmo tempo sério e brincalhão, que trata de problemas existenciais. Começou a se ligar em música muito cedo, influenciado por sua família (sua mãe tocava violão). Entretanto foi com 15 anos, quando chamado Abaeté, inspirado no sucesso do Trio Irakitã. Ao mesmo tempo passou a conviver com pessoas que hoje estão no primeiro time da nossa MPB como Raul Seixas, Cynara, Cybele, Caetano, Gil, Bethania, Gal, Capinam, principalmente nas reuniões organizadas por Carlos Coquejo, famoso compositor baiano e ministro do Tribunal Superior do Trabalho, responsável pela arrancada de vários compositores, em Salvador. Coquejo fazia uma espécie de intercâmbio, trazendo artistas do Rio, apresentando-os em Salvador e vice-versa. Através de seus amigos Antonio Carlos, Jocafi e Maria Creuza, [quando] veio ao Rio, Walter conheceu Cesar Costa Filho, com quem fez mais de quarenta músicas, em geral de temas urbanos e nostálgico. Alguns sucessos: "Dose Pra Leão", "Anastasia" e "Tesoura Cega". Se desligou de Cesinha e vieram outros parceiros - Rildo Hora, Fred Falcão e Luiz Eça. Em setembro/74, o produtor Roberto Santana o levou a Salvador, no Festival de Verão e sua participação como cantor o fez ser contratado pela Philips, aparecendo agora em seu primeiro compacto. E o primeiro lp não deve demorar...
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