A latinidade de Maria
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de janeiro de 1977
Maria de Jesus Coelho, bibliotecária do Hospital de Clínicas e poeta/cronista atuante, que publicou há poucos meses dois livros originalíssimos, com páginas de destacáveis, permitindo a leitura sem qualquer ordem de numeração, aderiu agora a latinidade. E há 5 dias, escreveu um poema de grande sentido político, que já está sendo enviado ao governo da Bolívia que, no mínimo, deverá convidá-la a visitar aquele país. Afinal, Maria de Jesus, em sua poesia aborda, com palavras muito bem colocadas, uma reivindicação de quase um século dos bolivianos.
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É urgente
que a Cordilheira
e a Serra do Mar
sejam apenas acidentes
geográficos
e não curtos braços
que não se dão as mãos
a questão não é ser
argentino ou venezuelano
é ser latino-americano
por inteiro
pois se irmãos de língua
e sangue
não se entendem
se unidade de continente
já se vende
a varejo
daí o desejo da Guerra do
Pacífico
castigando o perdedor
latino
é tempo de opção
por seu irmão
antes que língua ou sangue
estranho
assinem o tratado
e você fique com a tradução
somos donos de dois mares
porque não deixar
a Bolívia navegar.
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