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Leal revaloriza "Nhô Belarmino"

Aparentemente um lançamento sem maior expressão, o lp de Roberto Leal (RGE, 303.0028, outubro/74), adquire maior interesse quando se ouve, sem preconceitos e com boa vontade, as 12 faixas deste jovem intérprete de origem lusitana. Pois amparado em arranjos do competente Daniel Salinas - que fez um dos melhores álbuns intrumentais do ano, na Top Tap - Roberto tenta vários gêneros, saindo-se razoavelmente bem, com sua voz agradável, em interpretações suaves, acompanhando-se ao violão e com um afinado grupo instrumental acompanhando-o: Antenor na guitarra: Edson no violão, Norival na bateria, Sulinas no piano e sintetizador, Willy no baixo, Hélio Eduardo no órgão e mais um coral feminino formado por Marcia, Cidinha, Viviam e Maria Amélia. Embora com sua base maior nas músicas portuguesas e abra o lado A com um clássico da canção portuguesa - "Lisboa Antiga" (R. Ferrão-Amadeu do Vale-J. Galhardo), demonstre um fado-político - "Grandola, Vila Morena" (José Afonso), a música-senha da revolução de abril, em Porgual (lançada no Brasil por Paula Ribas, em [...] lp de Marcus Pereira e também já gravado por Nara Leão, em compacto simples), Roberto Leal também apresenta suas composições - numa linha de um Fado moderno, muito agradável: "Vem Amar" (em parceria com Márcia Lúcia); "Verde Gaio", "Momento do Amor" (em parceria com Mária Lúcia), "Meus Amores", "Minha Cruz" (em parceria com Kátia Maria). Com a participação especial do autor, encerra o lp com "Era o fado Meu Amigo" (Manuel Marques). Mas a grande surpresa - em especial para os paranaenses é a inclusão do lado A, faixa 3, de uma das mais felizes composições de Nhô Belarmino (Salvador Graciano), o popularíssimo cantor-compositor de música sertaneja, ídolo dos anos 50 através de seus programas na Rádio Guairacá e até hoje, ao lado de sua esposa, Nhâ Gabriela, com um público fiel em todo o Interior no qual constantemente está viajando. Gravando "As Mocinhas da Cidade" de Nhô Belarmino, com um arranjo moderno e sensível de Salinas, esté até agora desconhecido Roberto Leal vem ajudar a demonstrar uma atrevida e arriscada [tese] que, ao lado do homem de tv e pesquisador Valencio Xavier, sempre defendemos: a boa qualidade de parte da produção musical de Nhô Belarmino, que embora, em termos profissionais sendo obrigado a fazer concessões ao seu público - imenso mas de mínima informação cultural - sempre demonstrou bonitas harmonias e ótimas idéias em suas criações musicais. Com vários lps gravados na RCA Victor, Nhô Belarmino (e Nha Gabriela) está (estão) [a] espera de uma revisão crítica, que julgamos das mais necessárias. Outra faixa curiosa deste lp de Roberto Leal é "Uma Tarde no Circo" (Hélio Eduardo) com um [ingênuo] e poético clima - digno de algumas composições de Nino Rotta. Em sêlo Premier, a RGE/Fermata está lançando um lp de Antonio Damasceno intitulado "O Rei do Humorismo no Brasil". Entretanto não se encaixa na categoria dos discos de humor - que vão desde o best-seller "Eu sou o Espetáculo" de José Vasconcellos até os apimentados discos proibidos de Juca Chaves. São apenas 12 composições de Damaceno (algumas em parceria com Marumby, produtor do lp) em que tenta um humor sertanejo - mas sem significado. Os risos são raros e mesmo os mais indulgentes fãs do gênero não se entusiasmam. Talvez ao vivo o humorista sertanejo funcione. Mas, pessoalmente, dispensamos tal comprovação.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal do Espetáculo
13
09/11/1974

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