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Aramis

Lennon, a herança que não se acabou

Enquanto os beatlemaníacos da classe alta esgotam as poucas coleções que chegaram ao Brasil da obra do quarteto de Liverpool em compact-disc, pagando Cz$ 1.000,00 a unidade, a EMI/Odeon lança, para as viúvas de John Lennon, mais um disco do tragicamente falecido compositor-intérprete pop: "Menlove Ave". É mais uma produção da excelente administradora e empresária Yoko Ono, com gravações inéditas deixadas por Lennon antes de ser assassinado. Menlove é o nome da rua em que Lennon nasceu, em Liverpool, na Inglaterra. No disco estão versões não aproveitadas no elepê "Walls And Bridges" (1974), durante a época em que o casal estava separado. Assim, neste disco que, em poucas semanas escala as paradas, estão incluídas cinco versões que não entraram na edição final daquele álbum de 13 anos passados: "Steel And Glass", "Scared", "Old Dirt Road", "Nobody Loves You" e "Bless You". Neste disco, que ganha assim uma conotação histórica, estão os trabalhos representativos da fase em que Lennon trabalhou com o produtor e compositor Phil Spector, inventor do chamado wall sound, a muralha de cordas ou metais em contraste com as guitarras do rock (fórmula que também serviu as carreiras iniciantes dos Rolling Stones e de Tina Turner). Uma curiosidade: "Rock'n Roll People", que Lennon fez para Johnny Winter (única gravação deste elepê), mostra tímidas tentativas do Beatle na linha R&B. "Walls And Bridges" reflete a fase pesada de Lennon, quando ele se separou de Yoko. Lennon canta cool e até assobia. Se estivesse vivo, Lennon jamais concordaria que um disco como este fosse para as lojas. Mas no culto a sua imagem, é claro que tudo vira ouro e Yoko Ono soube aproveitar o legado do mais cerebral dos Beatles e assim "Menlove Ave" (nue), chega também com uma capa que virou póstuma: foi criada por Andy Warhol, falecido há poucos meses - num trabalho dos mais interessantes. Nem é preciso falar muito - e a imprensa nacional já cuidou disto para se saber que este Lennon-87, revisitando através do milagre das gravações, vai vender como pão quente.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
7
19/04/1987

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