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Aramis

LIVRO

O romance histórico no Brasil, com poucas exceções, foi mais cultivado e apreciado durante o romantismo do que em épocas posteriores, muito especialmente a partir do modernismo, em que são raros os exemplos tanto na corrente neo-realista quanto na introspectiva ou psicológica, em que ele esteve de fato quase ausente. Agora, no entanto, um escritor do sul, rio-grandense, parece indicado a reviver a tradição esquecida. Josué Guimarães, contista premiado em dois concursos e autor de "Os Ladrões", 1970 volume de contos acaba de publicar pela Editora Sabiá seu primeiro romance "A ferro e fogo" (Tempo de solidão), primeira parte de uma trilogia que o autor tem em preparo, e cujas partes seguintes denominam-se "Tempo de guerra" e "Tempo de angústia". Nessa obra, que é a revelação de um legítimo ficcionista, Josué Guimarães desenvolve o tema da colonização alemã no Rio Grande do Sul, a partir da data em que, aportando em terras gaúchas, o bergantim "Protetor" desembarcaram em 1824 trinta e oito imigrantes germânicos, entre homens e mulheres. Cercados pelo ambiente hostil de uma terra nova e desconhecida, na Real Feitoria do Linho Cânhamo, Faxinal da Couritanam, hoje cidade de São Leopoldo, vivendo, amando, lutando e sofrendo nas fronteiras movediças dominadas pôr castelhanos, índios, tigres, caudilhos e portugueses, os novos imigrantes em verdade passaram a viver em "tempo de solidão". A solidão marcada pela diversidade de costumes e de religião, pelas línguas em confronto e ainda pela distância da pátria abandonada, mas sem excluir os conflitos e as paixões humanas autenticidade. Ficcionista experimentado, dominando com facilidade tanto os recursos da técnica quanto os do estilo Josué Guimarães revela-se narrador poderoso e convincente, inclusive quanto a capacidade de reconstituição do ambiente histórico de sua província natal, que nessa primeira parte da trilogia abrange o reinado de Pedro I, os acontecimentos de sua renúncia ao trono; e as guerras e agitações que tiveram como palco os campos gaúchos, com um significativo cortejo de sangue e violência.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
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18
07/02/1973

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