Livro mostra nossa moderna arquitetura
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de fevereiro de 1986
Na precaríssima biobliografia sobre arquitetura paranaense, passou relativamente despercebida uma importante edição ocorrida no final do ano passado: "Arquitetura Moderna em Curitiba" (Pini Editora/Fundação Cultura, 269 páginas), de Alberto Xavier, 49 anos, gaúcho de Alegrete, adolescência passada em Curitiba e formado pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Numa linguagem clara e precisa, sem qualquer pretensão técnica, Alberto Xavier historia o desenvolvimento da arquitetura em Curitiba, ilustrando o livro com fotos e reproduções de plantas dos exemplos mais significativos tanto nos projetos de residências como de prédios públicos.
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Coincidentemente, em São Paulo, o professor Pietro Maria Bardi, 81 anos, diretor do Museu de Arte "Assis Chateaubriand", dando prosseguimento ao projeto que vem coordenando há anos para o Banco Sudameris, publicou "Engenharia e Arquitetura na Construção". Só enquanto o livro de Alberto Xavier se restringe a uma cidade - e numa edição comercial - o trabalho do professor Bardi é amplo, extrapolando fronteiras nacionais, em edição bem mais luxuosa e, infelizmente, restrita aos clientes e amigos da Sudameris, que já há oito anos vem patrocinando edições de obras fascinantes sobre aspectos da cultura e memória do Brasil.
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Para a elaboração de "Arquitetura Moderna em Curitiba", contou muito a experiência de Alberto Xavier na obra "Arquitetura Moderna Paulistana" que realizou há 3 anos, em colaboração com os arquitetos Carlos Lemos e Eduardo Carona.
Ao historiar a arquitetura moderna em Curitiba, Xavier fez justiça ao pioneirismo do curitibano Villanova Artigas, falecido no ano passado, aos 70 anos. Formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, seria entretanto em Londrina que Villanova Artigas realizaria uma de suas primeiras e importantes obras - a estação rodoviária daquela cidade, hoje tombada pelo patrimônio histórico.
Xavier localiza somente nos anos 40 o surgimento dos primeiros exemplos de arquitetura moderna em Curitiba, identificando como a mais remota a residência construída em 1941, na Avenida João Gualberto, para o empresário José Mehry - infelizmente já demolida. Três outras residências desta mesma época também foram significativas: a de Joel Artigas, Carolo Bernardi e José Luiz Bettega, além das encomendadas por Inocêncio Villanova Jr. e Álvaro Correa de Sá.
Nos anos 50, outros arquitetos vieram dar uma contribuição à evolução na arquitetura de Curitiba, como o paulista Oswaldo Arthur Bratke, com seu rigor compositivo revelado nas casas das famílias Kopp e Maia, à Rua Carmelo Rangel e Adolf Franz Heep, com o projeto do edifício para o antigo Ipase - no centro da cidade - vencedor de concurso privado, em parceria com Elgson Ribeiro Gomes (este, ainda hoje um dos mais atuantes arquitetos em Curitiba), com quem também elaborou, anos antes, o importante conjunto residencial Mapi, em Caiobá. Mas arquitetos cariocas também trouxeram importantes contribuições, como Ernani Vasconcelos e Sérgio Bernardes.
Outros nomes vão sendo lembrados por Alberto Xavier, sempre na relação de suas obras na cidade - que, a partir de 1961, com a criação do curso de arquitetura, recebeu inúmeros profissionais de outros Estados iniciando-se então uma fase das mais brilhantes de nossa arquitetura.
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A publicação do livro de Alberto Xavier representa uma importante contribuição a que se observe melhor a nossa cidade, seu desenvolvimento arquitetônico e a prsença de talentos que ao longo das últimas três décadas vêm fazendo com que a fisionomia urbana da Capital se transforme.
Já "Engenharia e Arquitetura na Construção", de Pietro Maria Bardi, pela própria visão universal de seu autor, se alonga desde exemplos e engenharia mais primitiva até exemplos internacionais - colhidos de ilustrações e projetos implantados no extremo Oriente.
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