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Aramis

Londrina exportando seu canto sertanejo

Edilson Leal, 46 anos, jornalista, incansável pesquisador e defensor da música popular brasileira e disc-review, tem pronto um trabalho sobre um interessante tema ligado a nossa música o boom da música rural/rurbana região de Londrina e, especialmente, a ascensão de dezenas de duplas que ali se formaram, muitas delas hoje grandes sucessos como milionário e Zé Rico (que voltaram há pouco de uma excursão à China). Pela inexistência de trabalhos que se preocupem em apreciar o forte mercado da música rural - até hoje merecedor apenas de um livro ("Acorde na Madrugada", de Walnecy Caldas), a pesquisa de Edilson já deveria ter sido apresentada no IC Encontro de Pesquisadores da MPB (Rio de Janeiro, março/86), mas a qual não pôde comparecer devido a compromissos profissionais. Agora, Edilson deve levar esta contribuição ao 1º Acorde Musical, reunião de músicos, pesquisadores e animadores culturais, que Edson Otto, diretor do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore promoverá, no final de outubro, na praia de Tramandaí, no Rio Grande do Sul. xxx A ascensão da dupla Milionário (Romeu Januário de Matos) e José Rico (José Alves dos Santos), 15 anos de carreira, 15 elepês gravados na Continental/Chantecler (o 16º sai agora, incluindo um rasqueado falando na China onde estiveram recentemente), fez com que a própria revista "Veja" abrisse três páginas, em cores, na edição que está nas bancas, para falar desta dupla que começou sua carreira em Londrina. José Rico, pernambucano de São José do Belmonte mas criado em Terra Rica, no Paraná, 40 anos, conheceu Romeu Januário de Matos, no Hotel Líder, em São Paulo, em 1970 e juntos começaram uma carreira que os transformou, realmente em milionários da canção sertaneja. xxx Sem o mesmo êxito de Milionário e Zé Rico, mas procurando espaço num mercado da maior prosperidade, há dezenas de outras duplas que tem saído do Paraná. Em Curitiba, o programa "Nossa Terra, Nossa Gente", na TV Iguaçu, é um dos espaços que mais divulga estes artistas, geralmente tímidos, modestos e que raramente procuram os jornais para divulgarem seus trabalhos, preferindo ficar apenas em rádios AM e alguns poucos programas de televisão que os acolhem. Todos, no fundo, sonham em chegar a prosperidade de Milionário e José Rico, que cobram hoje CZ$ 200 mil por um show em palanque político (e devido sua popularidade têm sido disputadíssimos em todos os Estados) e têm uma renda mensal acima dos CZ$ 15 milhões. Curiosamente, como conta a revista "Veja", pessoalmente eles não se entendem - e só graças a habilidade (e, naturalmente, os interesses comerciais) do empresário José Raimundo dos Santos, que permanecem juntos. Milionário, casado há 25 anos com dona Júnia, 44 anos, 3 filhos, uma filha e quatro netos, enquanto que José Rico, desquitado de sua primeira esposa, Cândida, com quem teve três filhos, vive hoje com Berenice Martins, 20 anos, estudante de direito. xxx Do Norte do Paraná, surge agora uma nova dupla, Santo e Mariano, cujo segundo elepê ganhou nada menos do que o selo Paralelo, divisão do Estúdio Eldorado ("O Estado de São Paulo"), criado justamente para entrar no mercado sertanejo/brega. Naturais de Arapongas, os irmãos Santo e Mariano estão há 11 anos em São Paulo e ali integravam o grupo Sambeiro. No ano passado fizeram o primeiro disco ("Caminhoneiro"), desfizeram o grupo Sambeiro e criaram a Banda Aboio. Entrando num mercado altamente competitivo, esta dupla paranaense se mostra otimista. Explica Mariano: - "Para nós, a música sempre esteve em primeiro plano, é a nossa grande paixão. Tanto que, embora eu tenha me formado em jornalismo e meu irmão em desenho arquitetônico, nunca exercemos as profissões". LEGENDA FOTO 1 - Milionário e José Rico, de Londrina para a China LEGENDA FOTO 2 - Santo e Mariano, de Arapongas para o Brasil
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
26/09/1986

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