A luta pelo poder dentro da Funarte
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 02 de setembro de 1985
Normalmente, a passagem de uma executiva da Funarte pela Capital paranaense ficaria limitada a um pequeno registro de jornal. Entretanto, a chegada de Maria Luiza Librandi a Curitiba, na próxima segunda- feira, deverá justificar uma pauta especial. Afinal, nos últimos meses, Maria Luiza (a "Lulu", como é carinhosamente chamada) tem estado às turras com o presidente da Fundação Nacional das Artes, o cartunista Ziraldo Alves Pinto - uma guerra em escalada admitida pelo próprio ministro Aluisio Pimenta, da Cultura, e que poderá levar a uma alteração na cúpula da instituição.
Diretora do escritório da Funarte em São Paulo durante muitos anos, Maria Luíza Librandi realizou um trabalho tão eficiente que a credenciou para a direção executiva - o que aconteceu este ano, com grande apoio político (especialmente da deputada Rute Escobar, uma das maiores amigas de Maria Luiza). Independentemente da posse de Ziraldo na presidência, que só ocorreu quase 2 meses após a mudança de governo, Maria Luíza assumiu e começou a trabalhar. Só que os choques pessoais com Ziraldo têm sido grandes, a tal ponto que estão hoje rompidos e fazendo ameaças mútuas.
Ziraldo teve um documento reservado - uma carta-relatório enviada ao ministro Aluísio Pimenta, divulgada pela "Folha de São Paulo", que vem movendo séria campanha contra seus projetos culturais. O clima na Funarte - instituição muito delicada, pela própria condição de ser o órgão executivo da política cultural do governo tem estado tenso. A tal ponto que, embora com ótimos amigos em Curitiba, Ziraldo evitou de vir ao Paraná - e, para o escritório local não paralisar, foi encontrada uma estranha e salomônica solução: a auto-administração. Ou seja, se oficialmente o pintor Domício Pedroso era, desde a implantação do escritório, o responsável pela repartição, agora passou a coordenar apenas as áreas de artes visuais (plásticas, fotografia etc.). A professora Lucia Gluck Camargo, ex- diretora da Fundação Cultural de Curitiba e que, devido a um excelente trânsito na alta cúpula cultural carioca, chegou a ser convidada para o cargo de diretora assistente da Funarte - coordena as promoções musicais e editoriais locais. Já a bibliotecária Lídia Bindo Dely, ex- diretora do Solar do Barão, está a cargo do atuante setor de exposições de arte popular e artesanato.
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Maria Luiza Librandi vem a Curitiba com dupla justificativa. Prestigiar a estrëia de "Cenas para uma esposição em Lá Menor ", que acontece segunda-feira próxima, no auditório Salvador de Ferrante, e fazer a entrega oficial de instrumentos musicais à Banda Euterpina Cândido de Abreu e à Banda Juvenil Lux, de Ponta Grossa.
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