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Aramis

Mamãe apenas divertida

Romancista que só agora está sendo descoberta no Brasil, a norte-americana Patricia Highsmith forneceu no mínimo material para três clássicos filmes policiais: "Pacto Sinistro" (Strangers on a Train, 51, de Alfred Hitchcok), "O Sol por Testemunha" (Plein Soleil, 1959, de René Clement) e "O Amigo Americano" (The American Friend, 1977, de Wim Wenders). Patricia Highsmith, por certo jamais imaginaria ver seus tão bem urdidos plots transformados em comédias, mas foi isto que um comediante americano, vindo da televisão e ainda pouco conhecido no Brasil, Danny De Vito faz em "Joga a Mamãe do Trem" (Plaza, 5 sessões), catipultuado [catapultado] por uma indicação da igualmente desconhecida (no Brasil) Anne Ramsey ao Oscar de melhor atriz coadjuvante (que, muito justamente, ficou para Olympia Dukakis, por seu esplêndido trabalho em "Feitiço da Lua", em exibição no Lido I). De Vito aquele ator baixinho e careca que apareceu em "Laços de Ternura" e depois foi o vilão em "Tudo por uma Esmeralda" e "A Jóia do Nilo" (além de ter trabalhado na desastrosa comédia "Quem tudo quer, tudo perde, de Brian De Palma), há 15 anos vem também atuando atrás das câmaras. Já fez curtas em 16mm premiados em festivais, chegou a televisão com séries premiadas ("The Rating Game", "Taxi") e, no cinema, fez um dos episódios de "Contos Assombrosos", produzidos por Steven Spielberg. Infelizmente, este seu "Throw Mamma From the Train" não passa da comédia superficial, a partir de situações absurdas e sem a finesse que se esperava numa sátira pretendida a um dos melhores filmes do mestre Alfred Hitchcok (1889-1980), inclusive com a utilização de uma seqüência chave do filme "Pacto Sinistro", no qual o diabólico Glenn Maxwell (Robert Walker) propõe ao estarrecido Stanley (Farley Granger, 57 anos, afastado hoje do cinema) uma permuta de assassinatos. Danny De Vito tem mão pesada e abusa dos clichês, desperdiçando uma boa idéia e exagerando as situações. Anne Ramsey, a mamãe do título, aparece relativamente pouco mas cria um tipo marcante - entretanto longe de merecer o Oscar (Olympia, em "Moonstruck" criou uma personagem fascinante, que a fez ser a favorita da premiação). Billy Crystal, famoso na televisão americana (inclusive apresentador de eventos como o Grammy e Oscar) é comum, assim como as atrizes Kim Greist e Kate Mulgrew. O mais interessante é a surpreendente atuação do (excelente) saxofonista de jazz Banford Marsalis como Lester, o vizinho do personagem Larry (Billy Crystal) e Bob Reiner - diretor de "Conta Comigo" e do ainda inédito "The Pirate Briden" - como o agente literário do escritor em crise, roubado pela mulher (Kate Mulgren) e que se envolve nas confusões armadas por Owen Lift (Danny De Vito) que deseja liquidar sua paquidérmica e autoritária mãe (Anne Ramsey). Brandford Marsalis além de mostrar ser comediante nato, ainda ajudou a David Newman na interessante trilha sonora. LEGENDA FOTO - Anne Ramsey - indicada ao Oscar de melhor coadjuvante - e Danny De Vito, também diretor, em "Joga a Mamãe do Trem": uma comédia simples, nada mais. Em exibição no Plaza.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
18/05/1988

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