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Manoel de Barros, o enlouquecedor de palavras

Como aconteceu com Cora Coralina (Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, Goiás Velho, 1889 - Goiânia, 10/04/1985), cuja imensa e bela obra poética só foi descoberta quase no final de sua vida, outro poeta do Centro-Oeste - o advogado e fazendeiro Manoel de Barros é, aos 72 anos, completados no último dia 9 de dezembro, desconhecido ainda do grande público. Seus livros de títulos tão originais quanto a sua obra - "Poemas Concebidos sem Pecado", "Face Imóvel", "Gramática Expositiva do Chão", "Arranjos para Assobio", "Livro de Pré-Coisas" e, o mais recente, ainda inédito, "A Arte de Infantilizar Formigas" (que talvez o nome tenha mudado para "O Guardador de Águas") - são raridades. Edições do autor ou mesmo quando lançadas por casas publicadoras nacionais em tiragens limitadas, se constituem hoje em collector's item para quem descobre sua poesia densa, como o mormaço do Pantanal mato-grossense que ele, mato-grossense de Cuiabá (hoje morando em Campo Grande), tão bem descreve. Agora, se vai falar mais de Manoel de Barros: o jovem (28 anos) cineasta Joel Pizzini, mato-grossense de Dourados, que após três anos de trabalho realizou "O Inviável Anonimato do Caramujo-Flor ou A/C de Manoel de Barros", curta-metragem que foi o grande premiado em novembro do ano passado, no XXI Festival do Cinema Brasileiro de Brasília. Produzido com ajuda do Bamerindus, o curta terá lançamento nacional - levando em suas criativas imagens, com a participação de um elenco allstar de mato-grossenses que deram certo (Ney Matogrosso, Tetê Espíndola, Almir Satter, entre outros) - um pouco da poesia de Manoel de Barros - a quem ALMANAQUE dedica as páginas - com uma entrevista exclusiva - coisa rara, já que ele, um caramujo-flor que, a exemplo de outros intelectuais não abrem mão de sua privacidade (B. Traven, J.D. Sallinger, Dalton Trevisan) recusa-se a falar sobre sua pessoa ou obra. Mas Joel Pizzini conseguiu abrir o caramujo e extrair uma bela entrevista. Em complemento, duas autobiografias do próprio poeta - uma oficial, outra poética; um pequeno ensaio do crítico (mato-grossense, naturalmente) Sérgio Medeiros, sobre sua obra e, para encerrar, uma seleção de alguns de seus poemas - já que seus livros são uma raridade. LEGENDA FOTO - Manoel de Barros, hoje, aos 72 anos, inimigo de câmaras e entrevistas: não aparece em "Caramujo Flor".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
05/02/1989

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