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Aramis

Maria Creuza voltou (em grande forma)

Um esquema perfeito: uma cantora de belíssima voz, que dois anos ausente dos estúdios não impedem de ter um público fiel; um repertório montado com base em pesquisas junto aos lojistas de discos - que refletem a preferência dos compradores; um excelente produtor (Roberto Menescal, também responsável pelos arranjos e regências) e mais a promoção maciça que os produtos industrializados pela Som Livre/Sigla garantem. Resultado: "Da Cor do Pecado" deve subir entre os discos de maior vendagem neste início de semestre. Maria Creuza (Silva Lima, Esplanada, Bahia, 26/02/1944) foi uma das mais gratas revelações da MPB nos anos 60. Desde os 15 anos já fazia suas atuações musicais, participou dos primeiros musicais da televisão em Salvador, defendeu composições de Antônio Carlos (da dupla com Jocafi), com quem viria a se casar, em festivais e seu primeiro elepê, feito num modesto estúdio de Salvador - "Kunik 9" foi um momento histórico. Com quase 25 anos de estrada musical, longo curriculum, uma feliz convivência com Vinícius de Moraes e Toquinho - que no início dos anos 70 a levaram a excursões na Argentina e Uruguai (resultando dois elepês), abertura para viagens internacionais, participações em festivais, lhe deram uma segurança profissional tão grande que resistiu a separação do marido (e a dupla Antônio Carlos e Jocafi, onde está?) e mesmo sobreviver a um péssimo empresário, elemento desclassificado em termos de relações públicas, que muito a prejudicou. Nos últimos dois anos, Maria Creuza não parou de trabalhar - com uma agenda repletíssima. Só que ficou sem gravar, o que fez agora, com um disco feitinho para o sucesso, numa produção bem cuidada e, principalmente, um repertório em que foram compactizados 22 sucessos de várias fases e épocas - em "meddleys" bem coordenados. Assim, desde revivals de clássicos de Caymmi em seus verdes anos baianos ("Marina", "Nem Eu", "Rosa Morena", "Falsa Baiana"), lembranças de Vinícius de Moraes ("Eu não Existo sem Você"), até músicas de autores jovens, como "Faz Parte do meu Show" (Cazuza / Renato Ladeira) e "Um Certo Alguém" (Lulu Santos / Ronaldo Bastos). Além de clássicos do romantismo, ela que foi sempre uma excelente intérprete de canções dor de cotovelo, como "Por Causa de Você" (Tom / Dolores Duran), "Fim de Caso" e "Castigo" (Dolores). Até música brega como "Tortura do Desejo" (Waldick Soriano) ou antigos sucessos de Roberto Carlos ("Como É Grande o meu Amor por Você" e "Não Quero Ver Você Triste assim", ganham dignidade em sua voz aveludada, afinada - que fazia falta em um novo disco - e que traz ainda, para as novas gerações conhecerem o clássico, "Da Cor do Pecado" do mestre Bororó (Alberto de Castro Simões da Silva, 1898-1986), o que de certa forma é uma homenagem ao seu cinqüentenário: sua primeira gravação data de 1939 e portanto há 50 anos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
22
02/07/1989

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