Maria Magdalena, uma saxofonista de força
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 31 de agosto de 1986
A própria Flora não acreditou quando o tecladista e arranjador Marcos Silva lhe falou:
- Como? Uma mulher pequenininha, grávida e que toca saxofone?
Pois é. Flora foi assistir uma apresentação de uma banda em San Francisco, onde Mary Magdalena Fettib se apresentava e ficou de boca aberta: a mulher era incrível. A gravidez não a impedia de, no sax soprano e sax tenor, eventualmente até usando flauta, dar um verdadeiro show. O resultado foi imediato: Maria Magdalena foi convidada - e aceitou - integrar o Steps of Imagination, o grupo que Flora e Airto estavam reestruturando para viajar a Europa e, depois ao Brasil.
O nascimento do filho - um garoto de faces rosadas, cabelos loiros, não impede as viagens. Terça-feira à noite, enquanto o som rolava no palco do auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, no corredor do camarim, a bela Diana, 14 anos, filha de Arito e Flora, cuidava de Scott, o garoto, que, sorridente, ouvidos bem abertos, já mostra que é musical.
No palco, revezando-se entre o sax-tenor, alto e soprano - (além da flauta, que toca eventualmente com um grupo em San Francisco), Mary Magdalena foi o grande destaque. Seu som rolava tranquilo, com desenhos melódicos da mais alta criatividade, numa presença musical rara: a mulher tocando um instrumento normalmente masculino.
Afinal, a única lembrança que se tem de mulher ao saxofone é de Tony Curtis travestido em "Quanto Mais Quente Melhor" ao lado de - esta sim, aquela mulher inesquecível, Marilyn Monroe.
Enviar novo comentário