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Mário Celso contra os "picaretas" artísticos

Em sua tríplice condição de homem de comunicação - produtor-apresentador de "A Simpatia Está no Ar", na Rádio Independência, um dos programas de maior audiência à tarde - político e vereador, Mário Celso Cunha, 46 anos, preocupa-se com a imagem negativa que Curitiba vem ganhando quando acontecem escândalos e golpes no meio artístico-cultural. Assim revoltou-se com a suspensão das duas apresentações que a cantora Ângela Maria faria no Auditório Maria José de Andrade Vieira, no Palácio Avenida, há três semanas - devido ao empresário (sic) Vitor Ostrovinski Jr., da Durandô Empreendimentos e Arte Ltda., não ter podido arcar com os compromissos assumidos. Avalizado por uma carta de recomendação do deputado Rafael Greca de Macedo, encaminhada a Sra. Fani Lerner, presidente do Provopar-Curitiba e Secretaria Municipal do Menor, o empresário Vitor Ostrovinski pretendeu utilizar o auspício oficial da instituição filantrópica dirigida pela primeira-dama do município para não ter que recolher os impostos normais. Ofereceria, em compensação, 10% da bilheteria às obras sociais do Provopar. Ocorre que como os shows não ocorreram e a cantora Ângela Maria, furiosa com justa razão por ter perdido seu tempo vindo a Curitiba e não recebido o cachê combinado (Cr$ 1.200.000,00), "sobrou" para o Provopar, cujas diretoras foram acusadas, injustamente, de não terem colaborado com a promoção. Acontece que, tendo apenas quatro funcionárias, o Provopar não pode assumir qualquer compromisso de vender ingressos - apenas dando um apoio que auxilia a promoção e desonera os eventos de impostos. Assim, o fracasso do show não tem nenhuma responsabilidade da instituição municipal. Experiente em termos administrativos, há muito tempo que o advogado Constantino Viaro, superintendente da Fundação Teatro Guaíra, já afastou as "picaretagens" que envolvem supostos fins beneficentes e moralizou o calendário dos auditórios do teatro oficial, exigindo depósitos antecipados de taxas de fiscalização, pessoalmente, de quem se habilita a utilizá-los. Com isto também acabou com uma próspera "indústria" que enriqueceu muitos malandros: a reserva das melhores datas no início de cada ano, que eram, posteriormente, negociadas com outros empresários, num movimento paralelo. Hoje, a administração da Fundação Teatro Guaíra prestigia os empresários realmente competentes - sejam os locais, como Verinha Walflor, ou Mozart Primo (entre poucos outros), ou de outros estados, que possuem credibilidade. Infelizmente, nem todos os administradores de espaços culturais agem da mesma forma, de maneira que golpes que prejudicam artistas, instituições e o público, continuam a acontecer. xxx Justamente por acompanhar constantes denúncias que têm sido feitas em relação a espetáculos cancelados na última hora devido ao golpe de maus empresários artísticos, o vereador Mário Celso Cunha, em termos oficiais, requereu no último dia 12, através da Câmara Municipal, que a Fundação Cultural de Curitiba, a Secretaria da Cultura, a Secretaria da Segurança Pública, a Procuradoria Geral da Justiça e até a Ordem dos Músicos do Brasil, secção do Paraná, "adotem diretrizes para prevenir golpes contra os artistas locais e nacionais". Em sua justificativa, o vereador Mário Celso lembrou que o cancelamento da temporada de Ângela Maria, "deixou a nossa cidade marcada pela desconfiança e pelo descrédito". Lembrando a frase que Ângela Maria disse na televisão, furiosa, ao culpar o Provopar pelo fracasso de sua temporada, "Nunca mais volto a Curitiba", o vereador Mário Celso argumentou que "esta péssima imagem será, fatalmente, divulgada nacionalmente". Lembrou ainda o vereador que o mesmo empresário já havia cancelado outro show, este da banda de rock Barão Vermelho, no Círculo Militar do Paraná. xxx O episódio irritou profundamente a Sra. Fani Lerner, especialmente porque o compromisso da entidade foi em função de uma solicitação formal do gabinete do deputado Rafael Greca de Macedo, que como político que ambiciona suceder a Jaime Lerner na Prefeitura, avalizou um empreendimento sem consistência, e que apenas contribuiu para o descrédito de nossa cidade.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24/04/1991

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