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Aramis

Marketing ajuda agora o novo cinema gaúcho

Os gaúchos estão dando um exemplo em termos de produção cinematográfica fora do eixo Rio-São Paulo. Assim como já fizeram na música (mais de 40 festivais anuais, 840 elepês lançados nos últimos 7 anos), editorial (8 atuantes editoras, três delas de projeção nacional), também o cinema do Rio Grande do Sul começa a se impor, o que aliás é conseqüência do próprio Festival de Gramado, hoje o mais respeitado do País e cuja 16ª edição acontecerá no final de abril. Enquanto um novo longa, "O Mentiroso", está sendo finalizado - para tentar competir na mostra de Gramado - uma produção da "Z", chega a Curitiba nesta semana: "Quero Ser Feliz" (Cine Groff, quinta-feira, 5 sessões). Dando exemplo de organização até para empresas internacionais, a Z Produtora cuidou de enviar antecipadamente farto material promocional e todo um trabalho de marketing é feito em cada praça onde o filme é exibido, com patrocínio de empresas gaúchas como a Starsak, Jeans Pitt, Zipp, Rossi Armas e mais o apoio de Malt 90, Gang e Petrobrás. Graças a este bom trabalho, em Florianópolis, "Quero Ser Feliz" superou as bilheterias de "O Beijo da Mulher Aranha", "Passagem Para a Índia", "Entre Dois Amores" e "O Exterminador do Futuro". Em agosto do ano passado, este longa-metragem dirigido por Sérgio Lerrer concorreu na segunda edição do Rio Cine Festival. xxx Quarta produção em longa-metragem da Z Produtora, "Quero Ser Feliz", como os filmes anteriores - "Verdes Anos", "Me Beija" e "Aqueles Dois" [focaliza] o universo jovem. Uma estória de três jovens - Marcelo, Marco e Roberto - envolvidos com vestibular, serviço militar, namoros, conflitos familiares. Vizinhos, na faixa dos 18 anos, com suas indagações e esperanças, compõe personagens de grande empatia - uma das razões do êxito que este filme obteve até agora no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O diretor, Sérgio Lerrer, vindo do aprendizado do Super-8 e da publicidade, diz que se considera "muito mais próximo da figura do artesão do que daquela imagem do diretor de cinema como um cineasta genial e brilhante: - Talvez isso venha do gosto pela sala escura, do prazer sentido vendo as imagens, provocando motivações para a hora de fazer um filme, recriar momentos, climas, sentimentos, breves instantes de fanasia e emoção, não necessariamente de forma linear, coerente ou lógica, mas pelo menos de forma autêntica e humana. Foi no Rio Grande do Sul que o Super-8 teve um de seus melhores espaços. Dezenas de filmes foram realizados nesta bitola, preparando cineastas hoje se profissionalizando. E desde o longa "Deu Pra Ti, Anos 60" (que, de certa forma, seria transposto para "Verdes Anos", já em 35mm), a juventude sempre foi a temática na produção. Lerrer, participante dos vários grupos que há mais de 10 anos se dedicam a fazer cinema no Rio Grande do Sul, posiciona-se a respeito: - Entre o cinema europeu e americano, sempre fiquei com o americano, cativo de seus ídolos e mitos, a ideologia dos estúdios e seus gêneros. Entre estes, os filmes de adolescentes, de turmas, de aventuras, de brigas, empolgações e inconseqüências, alienações e rebeldia sem causa. Filmes que falavam de jovens anônimos, perdidos, sem rumo, aparentemente comuns, mas ricos nas suas individualidades. Talvez no cinema brasileiro algo que só encontre paralelo em produções isoladas como "Marcelo Zona Sul" e "Copacabana, Me Engana", a história não dos líderes, mas dos silenciosos; não dos palanques, mas das ruas; não dos afamados mas dos desconhecidos". xxx "Quero Ser Feliz" é o primeiro longa da Z Produções a ter uma atriz de fama nacional em seu elenco. Mayara Magri (a Helena, de "Roda de Fogo"), se entusiasmou com o trabalho dos jovens cineastas gaúchos e aceitou fazer a personagem Fernanda, contracenando com Fernando Severino, Júlio Reny e Marco Breda (que agora atua na versão para o cinema de "Feliz Ano Velho", do livro de Marcelo Paiva, em rodagem em São Paulo). A trilha sonora do filme reúne dois grupos de rock de Porto Alegre - "Garotos da Rua" e "Os Engenheiros do Hawai", ambos já com elepês gravados pela RCA. Tem também músicas de um compositor catarinense, Mário Júnior, "Quero Ser Feliz", e "Corpos na Relva", interpretados por Glória de Oliveira, uma das bonitas vozes da nova música gaúcha. xxx Um aspecto importante que deve ser destacado na Z Produções é a sua atenção para a área da comercialização. Bem estruturada em termos promocionais - o que se deve, especialmente, a ligação de seus diretores com a área publicitária - os filmes "Verdes Anos", "Me Beija", "Aqueles Dois", e, agora, "Quero Ser Feliz", tiveram lançamentos bem cuidados, possibilitando o retorno do capital investido. Cesar Michel, um dos produtores do filme e diretor de marketing, explica: - "O instrumental de marketing tem um papel fundamental e insubstituível a desempenhar numa produção cinametográfica. Desenvolver pesquisas para conhecer melhor os anseios e as motivações de público, auxiliar o roteirista e o diretor na criação de uma linguagem acessível a média dos espectadores, tornar economicamente viável a produção e exibição de um filme e planejar um bom lançamento são apenas alguns exemplos da contribuição do Marketing ao cinema". "Quero Ser Feliz" é parte do resultado de uma mentalidade "que vê o cinema em toda a sua dimensão cultural, artística e industrial, sem preconceitos ideológicos", diz Michel, finalizando. LEGENDA FOTO - Marco Breda e Mayara Magri em "Quero Ser Feliz", o novo filme gaúcho que estréia quinta-feira no Groff.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
10/02/1987

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