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Aramis

Martinho da Vila Izabel

Bonita homenagem Martinho da Vila presta a Noel Rosa, em seu último lp ("Martinho da Vila Isabel", RCA). Um álbum concebido como uma revisitação de um dos bairros mais tradicionais do Rio de Janeiro, ligado a história da MPB por ali ter nascido e morrido o grande compositor Noel de Medeiros Rosa (11/12/1910 – 4/5/1937). Uma viagem na máquina do tempo musical, na qual Martinho José Ferreira (Duas Barras, RJ, 12/2/1938) percorre as ruas da Vila Isabel, fala de seus personagens, sua estória e seu Carnaval, na imaginária companhia do Poeta Noel – através de um belo encarte de 12 páginas, com fotos de Januário Garcia, ilustrações de Chico Caruso e um belo texto escrito e pesquisado por Dulce Alves. A idéia de produzir um disco em torno de um determinado espaço geográfico não é nova. Há alguns anos, Elizeth Cardoso dedicou a Mangueira parte de um dos melhores discos que fez, quando era produzida por Hermínio Belo de Carvalho. Entretanto, Martinho não ficou apenas nas músicas tradicionais da Vila – embora a abertura seja com "Minha Viola" de Noel Rosa e "Fala Mulato" de Ataulfo Alves/Alcebíades Nogueira venha em destaque no lado B e sem esquecer a "Vila Isabel" de Dunga (Valdemar de Abreu, RJ, 16/12/1907). Há principalmente novas músicas, algumas de rara emoção como a belíssima "Sempre a Sonhar", parceira de Martinho e Ruy Quaresma – que fala do "seu China", (Antonio Fernandes da Silveira), em cuja casa (Rua Senador Nabuco, 248, casa 3), a 4 de abril de 1946, foi fundada a G.R.E.S. Unidos da Vila Isabel. Outra belíssima composição que valoriza extremamente o disco é "Flor dos Tempos", de Ruy Quaresma/Ney Lopes (este um dos mais importantes autores surgidos nos últimos anos). Com os compositores que sabem transmitir a espontaneidade e sinceridade do samba – como Zé Branco/Lolote ("Quando o Ensaio Começar"), Diógenes ( "Vem pro samba, meu amor"), Rodolpho-Jorge King ("Jorge Antonio Padroeiro"), Nei Silva Paulinho Corrêa – Trambique ("Na Aba"), Martinho compõe um iluminado, colorido e belo painel do samba carioca através de um espaço determinado. Naturalmente, não faltam as composições do próprio Martinho – um autor de muita inspiração – como a já conhecida "Sonho de Um Sonho" (parceria com Rodolpho/Tião Graúna), "Graça Divina" (com Luiz Carlos da Vila), "No Embalo da Vila", "Renascer das Cinzas" e "Pra Tudo se Acabar na Quarta-feira". Cuidadosa produção de Rildo Hora – profissional a quem Martinho deve os seus melhores discos – com orquestrações e regências do próprio Hora e mais Ruy Quaresma, bons músicos e um excelente grupo coral para sustentar algumas faixas, fazem de "Martinho da Vila Isabel" um dos poucos discos de samba de alto nível lançados em 1984 – e merecedor das indicações que obteve entre os melhores do ano, conforme o referendum que publicamos na edição especial do suplemente CLAUDIO, na semana passada.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
06/01/1985
OI Eu sou apaixonada por Martinho da Vila gostaria de saber como faço pra conseguir o LP de Martinho da vila Isabel .

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