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Aramis

A melhor MPB

O entusiastico apoio do público que, pela terceira vez, lota todas as apresentações do MPB-4 em Curitiba - as duas primeiras (fevereiro e dezembro/73) no teatro Paiol, agora no amplo auditório Salvador de Ferrante da Fundação Teatro Guaira é uma animadora confirmação do entusiasmo que existe pelo que há de melhor em nossa musica popular. Pois desta vez seguindo um roteiro musical estruturado de acordo com uma visão teatral, transmitida através da segura direção de Antonio Pedro (ex-Arena um dos mais requisitados diretores do teatro carioca), "República do Peru" (hoje, 21 horas, última apresentação), está entre os grandes espetáculos musicais do ano apresentados em Curitiba. "Sarau" (Paulinho da Viola e grupo Época de Ouro) e o recital de Elis Regina no último fim-de-semana. Com um repertório que lucidamente inclui algumas das melhores musicas de todos os tempos de nosso cancioneiro do bem humorado "Gago Apaixonado" de Noel Rosa 1910-1937 ao recentíssimo "Agora é Portela 74" (Mauricio Tapajós/Paulo Cesar Pinheiro), gravado em seu último compacto (Philips, agosto/74), "República do Peru" permite sentir a constante evolução musical - filosófica de Ruy, Achilles, Mágro e Miltinho, que junto há 11 anos, constituem um dos únicos grupos vocais importantes da vida artística brasileira - onde só dois outros exemplos, ocorrem: os Demônios da Garôa - com um estilo diferente e Os Titulares do Ritmo. Sem o preciosismo vocal de Os Cariocas (1945-1967) aos quais entretanto não deixam de respeitar sobremaneira como a tantos outros grupos vocais do passado. (Bando da Lua, Quitandinha Seranaders, Anjos do Inferno etc.) o MPB-4 procura fazer uma musica que se aproprie ao momento, que transmita aos espectadores mais do que simples entretenimento. Demonstrando muita espontaneidade nos improvisados diálogos que entremeiam os diferentes núcleos musicais, os rapazes do MPB-4, mais o contrabaixista Nilson, o baterista Mário Negrão e até Gerson, operador de som equilibram o espetáculo de uma forma agradável, consciente e humorada que faz o público lamentar ao chegar ao final com o apropriadamente escolhido "Acalanto" numa despedida que esperamos seja breve e que eles retornem logo com mais duas horas da melhor musica brasileira.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
01/09/1974

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