A memória filmada
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 30 de junho de 1974
Em entrevista apresentada ontem pela TV-Iguaçu, a bibliotecária Maria Gonçalves, diretora da Casa Alfredo Andersen, fez uma importante advertência para quem guarda antigos filmes (35 ou 16mm) em suas casas, sem o devido cuidado: a facilidade com que estas cópias, geralmente mal acondicionadas, em enferrujadas latas, podem se inflamar, provocando incêndios. Já por duas vezes os depósitos da Cinemateca Brasileira, em São Paulo, se incendiaram, ali perdendo-se milhares de pés de importantes negativos, inclusive, praticamente, toda a obra do pioneiro Aníbal Requião e grande parte dos documentos de João Baptista Groff, vítima de outro incêndio, este no depósito nos fundos de sua residência, na Rua 24 de Maio, onde guardava o seu material cinematográfico. Sentindo a importância da preservação dos pouquíssimos filmes existentes sobre nosso Estado, a Fundação Cultural de Curitiba está restaurando as cópias que tem recebido, guardando os negativos em arquivos especiais, a prova de fogo. Para tanto, quem possui filmes antigos em casa e deseja contribuir com a preservação da memória da cidade - mesmo não desejando se desfazer deste material, poderá depositá-los junto a filmoteca da Fundação, que já dispõe de quase quatro horas de históricas cenas sobre Curitiba e o Paraná, a mais recente das quais é o único filme feito em 1928, por ocasião da grande nevada que caiu sobre Curitiba, precioso material doado pelo médico Mário Pilotto e que a partir de amanhã estará sendo restaurado, em laboratório na Guanabara, para posteriormente ser projetado - junto com outras cenas históricas - nas sessões que a Casa Romário Martins passará a realizar periodicamente. O que é importante: todo o material recolhido pela Fundação Cultural não terá qualquer utilização comercial, servindo exclusivamente para fins de documentação.
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