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Aramis

As memórias sexuais da bela Joan e Ingrid sem santidade

Dentro do gênero de biografias de artistas, as revelações de (ou sobre) superstars são as que mais se aproximam do que se poderia chamar de best-sellers. Assim é que Elizabeth Taylor, 58 anos, já tem pelo menos três livros a seu respeito traduzidos - um dos quais, em que ela própria revela os segredos de sua permanente beleza, que nem a proximidade dos 60 anos, ameaça. Jane Fonda já mereceu duas diferentes biografias. Bárbara Stanwyck, Bette Davis, Candice Bergen, Katherin Hepburn, entre outras também tiveram biografias lançadas no Brasil nestes últimos anos. Assim, porque Joan Collins, a famosa Alexis da série "Dinastia" - que valeu por sua volta por cima do star system, após anos de ostracismo - não poderia também contar sua vida? Ela fez isto há 12 anos, em "Pas Imperfect", atualizado em 1984 e que em tradução do jornalista Eduardo Vavacqua saiu no final do ano passado ("Passado Imperfeito", 376 páginas, Nórdica). Enquanto sua irmã Jackie se consagraria com uma série de romances erótico-aventureiros (editados no Brasil pela Record e Bestseller), Joan Collins também não deixa de rechear de pitadas excitantes estas suas memórias, nas quais assume as (muitas) paixões vividas - relacionando mais de 15 amantes (e 3 maridos) entre nomes famosos que a conheceram intimamente, entre os quais Warren Beatty (que ela conheceu quando ainda era apenas o irmão sardento de Shirley MacLaine), o compositor George Englund, o playboy Rafael Trujillo e Arthur Loew Jr., (filho primogênito de uma das famílias "reais" da indústria cinematográfica americana), entre outros. Em compensação, Joan jura que não quis transar com produtores como Darryl F. Zannuck e Walter Wanger, durante os muitos anos em que esteve contratada da 20th Century Fox e por isto perdeu a chance de ser "Cleópatra", que acabou sendo interpretada por Liz Taylor - numa superprodução tão desastrosa que quase levou o estúdio da raposa à falência. Citando Oscar Wilde ("a mulher que revela a sua idade também é capaz de revelar qualquer coisa"), Joan na página 10 diz apenas a data (23 de maio) e o local (Londres) de seu nascimento. Mas não é segredo: ela está com 57 anos e em excelente forma. Sobre o primeiro marido, o desconhecido ator inglês Maxwell Reed - com quem esteve casada entre 1952/57, diz cobras e lagartos. Já sobre Anthony Newlwy, além de ator, também diretor, dramaturgo e compositor, com quem casou em 1963 e teve três filhos, é mais simpática. Ron Kass, produtor fonográfico e que chegou a presidir a Apple Records, no auge da carreira dos Beatles, foi o terceiro marido oficial de Joan. Mas vieram anos de decadência - tanto para Joan como para Ron. Para uma atriz que estreou aos 17 anos ("Lady Godiva Rides Again", 1951, nunca exibido no Brasil) e antes de ser contratada pela 20th Century Fox (1954, apareceria em "Terra de Faraós") já havia feito nove filmes na Inglaterra, Joan poderia contar muito mais nos bastidores dos 60 filmes em que atuou. Entretanto, fica no pessoal, justificando suas andanças amorosas e não chegando a momento algum a maior profundidade. Vale, de qualquer forma, para quem curte biografias softs, mais na linha de gossips do que de reflexões - como a admirável sueca Liv Ulmann fez em seus dois volumes. xxx Depois de contar sua história oficial, num livro publicado pouco tempo antes de sua morte, Ingrid Bergman (1915-1982) - "Minha Vida", em colaboração com Alan Burgees - é revista, com mais realismo, numa biografia do jornalista e escritor Larry Leamer ("Ingrid Bergman: faltou dizer", Nórdica), lançado na última semana de dezembro. A mesma Nórdica que havia publicado "Minha Vida", traz agora esta biografia que não pode ser considerada "autorizada". O autor entrevistou mais de 200 pessoas - inclusive filhos e o primeiro marido da estrela de "Casablanca", o médico Peter Lindstom - para compor um retrato menos santificado da atriz sueca, que se tornaria um dos maiores nomes do cinema americano na década de 40 - para ser praticamente repudiada após seu corajoso casamento com Roberto Rosselini, por quem se apaixonou. Aquilo que em "Minha Vida" não é detalhado, Larry Leamer conta - como os casos Bergman com astros como Spencer Tracy, Clarck Gable e Gary Cooper, para só citar três mais famosos. Fofocas à parte, o livro vale também aos cinéfilos interessados em conhecer um pouco mais sobre os bastidores do cinema, o despotismo dos produtores, a disputa por papéis etc.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
11/03/1990

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