Mendigos na Universidade
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 27 de novembro de 1977
As teses universitárias estão enriquecendo as bibliotecas de história e ciências sociais. A última a aparecer em livro trata nada mais, nada menos do que "Os Mendigos na Cidade de São Paulo". A apresentação como tese de doutoramento no Departamento de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, em dezembro de 1976, pela professora Marie-Ghislaine Stoffels, "Os Mendigos na Cidade de São Paulo" encerra "um manifesto moral", como acentua Cândido Procópio, na introdução da obra. Pois ao estudar, nos quadros acadêmicos da Universidade de São Paulo, a vida dos mendigos da metrópole, a autora venceu várias barreiras: desde o estigma que circunscreve a categoria dos pedintes, o conluio e a repressão policiais, até a própria resistência dos estigmatizados, treinados na rua, na escola do medo e no engodo. O trabalho de pesquisa envolveu ativa participação na existência cotidiana dos mendigos, dispondo-se a autora a praticar penosa e arriscada metodologia.
Ao seu empenho pessoal e simpatia emotiva somou-se a ascese acadêmica expressa no tratamento sistemático do tema e na limpidez no manejo dos conceitos. O resultado foi brilhante: o primeiro estudo de nível universitário sobre os mendigos no Brasil.
Enviar novo comentário