Miran e Miltinho, um som inesperado
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de setembro de 1986
Cabelos longos que lhe dão um aspecto hippie dos anos 60 misturado ao de cantador nordestino, Miran é um pau-de-arara que há anos se radicou em Londrina. Repentista, compositor, violonista e, acima de tudo, um grande papo, tem muitos amigos e, entre os seus maiores admiradores está o ex-deputado Oswaldo Evangelista de Macedo, em cuja campanha à prefeitura, aliás, integrou-se de corpo e alma.
Eclético, capaz de misturar xote, baião, calango, cururu e canção romântica, Miran é um artista simples, buscando o seu espaço, unindo a um bom humor uma espécie de ironia, como, quando canta:
"O homem nasce para a vida. Pra ser feliz e amar. Não ser rico, nem ser pobre e a velhice alcançar. Não ter matado, nem sofrido. Como o cahorro ferido pelas estradas a vagar."
Pernambucano de Mirandiba, caminhante do mundo, Miran procura unir a canção ao social, falando do povo, dos sem-terras, do desejo de ser feliz.
Miran está no Paiol, neste fim-de-semana, acompanhado de dois amigos - Vagner na percussão e Cleon no Violão.
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Amigos há muito tempo anos, Claudinho Nucci e José Renato convidaram Miltinho - não o cantor veterano Milton Santos de Almeida, 58 anos - mas sim o Miltinho do MPB-4 (Milton Lima dos Santos Filho), 42 anos, para uma participação muito especial no espetáculo que apresentam hoje a noite no auditório Bento Munhoz da Rocha Neto. A exemplo de Rui (Alexandre Farias, 48 anos), Miltinho também decidiu fazer seu elepê-solo. Um disco belissímo ("Miltons", produção independente distribuída pela Fonobrás), onde mostra seu lado de compositor e vocalista, num repertório fascinante. A entrada de Miltinho no show de Zé Renato e Cláudio Nucci - que tem ainda a participação de Áurea Regina (harmônica de boca, flauta) e o pianista Eduardo Souto Neto, faz da programação musical de hoje a noite, no Guaíra. indispensável a quem ama a MPB.
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