A morte de Valdurga, um amante do teatro
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de fevereiro de 1987
José Maria Santos, 53 anos, 30 de teatro, sentiu mais do que ninguém aquela velha máxima do show business: "O espetáculo deve continuar". Há uma semana, soube da morte de um de seus maiores amigos, o advogado Rubem Valdurga, em Londrina, e, poucas horas depois, o ator estava no palco do auditório Salvador de Ferrante, fazendo o público rir com as piadas de "Zé Maria procura Sarney para se coçar".
xxx
Como José Maria Santos, centenas de outros artistas, intelectuais, jornalistas e políticos sentiram profundamente a morte de Rubem Valdurga. Ex-deputado estadual, ex-secretário do Trabalho e Bem Estar Social (quando as duas pastas eram unidas), advogado com uma grande banca em Londrina, Valdurga foi também um apaixonado pelo teatro. Ao lado de José Maria Santos e outros amadores, foi um dos principais intérpretes de "O Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna, encenado quando o auditório Bento Munhoz da Rocha Neto era simplesmente chamado de "Guairão" e estava em obras. Eram os anos 50, época em que uma geração de estudantes fazia um teatro idealista, criativo e da melhor qualidade.
xxx
Mesmo absorvido pela vida profissional e, posteriormente, pela política, Rubem Valdurga não deixou de ser sempre um apaixonado pelo teatro. Há alguns anos, em Londrina, dirigiu uma elogiada encenação de "O Inspetor Geral" de Gogol. E, como espectador, sempre estava presente em todas as apresentações artísticas.
Com toda razão, um de seus contemporâneos e amigos, o advogado René Dotti, também ator e diretor de teatro em seus verdes anos, emocionado com a morte de Valdurga, já decidiu: um de seus primeiros atos como Secretário da Cultura, pasta que assume no dia 16 de março, será criar um prêmio destinado a perpetuar a memória deste pioneiro do teatro amador no Paraná.
Enviar novo comentário