Muitas indignações para a entidade dos escritores
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de junho de 1986
Os intelectuais da cidade que estão tentando organizar a Associação Paranaense de Escritores estão brigando até pela escolha do nome da entidade. Ao menos é o que mostra um release distribuído pela comissão organizadora, que a propósito da reunião dos escritores que atuam no Paraná, em torno de "uma entidade representativa para promoção do autor que reside no Estado e para defesa de seus interesses" - chegou-se a questionar o seu caráter.
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"Seria um clube? Não, porque não se pretende restringir a participação de qualquer autor. Seria mais apropriado o nome de Associação dos Escritores do Paraná? Não, porque o que deve ser necessariamente paranaense é a associação, mas não os escritores. Porque não nos vinculamos à União Brasileira dos Escritores? Este pode ser um dos objetivos, mas antes nós temos que ter nossa própria associação independente. Questionou-se a participação da Fundação Cultural de Curitiba nesse processo. Ficou claro que a FFC apenas apóia tal iniciativa em termos de infra-estrutura, como local para reuniões, material de correspondência e expedição, etc., eximindo-se de qualquer influência ou restrições. Foi colocada a necessidade dos escritores se posicionarem num mundo em crise e fazerem refletir isso na sua literatura.
Argumentou-se que esta é uma opção política de cada um, não devendo a Associação impor gostos de caráter político ou ideológico, sendo uma organização apartidária. Questionou-se a necessicade de estatutos ou mesmo de registro oficial em cartório, para impedir o domínio burocrático de grupelhos. Mas a maioria optou pela constituição de estatutos e registro normal, sem a necessidade de se vincular a qualquer espécie de sindicalismo, sendo uma entidade civil, sem fins lucartivos".
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Em 1958 já existiu uma Associação Paranaense de Escritores. Naturalmente foi fundada e dirigida pelo poeta Vasco José Taborda, 75 anos, que há 4 décadas é o mais organizado presidente de todas as entidades acadêmicas da cidade. Com sua tradicional elegância - jamais dispensa o chapéu, do qual tem uma coleção de 197 exemplares - Vasco esteve com a comissão que tenta organizar esta nova associação e se colocou à disposição "para qualquer auxílio".
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A propósito: nos anos 50, os artistas plásticos tentaram formar uma associação. A briga foi tão grande já na escolha do título que a entidade morreu prematuramente. Que o mesmo não aconteça agora com a entidade dos escritores.
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