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Aramis

A mulher, a crônica e a cidade

Com "Perfil da Cidade" (lançamento hoje, 20 horas, auditório da Reitoria) Curitiba ganha uma cronista: Alzira Costa, 24 anos, estudante de letras do curso noturno da Universidade Católica, datilógrafa durante o dia na Fundepar. No desértico campo de nossa jovem literatura, a presença de Alzira com suas crônicas simples, escritas de uma forma direta e bastante dialogadas, não deixa de ser animador e, independentemente de uma apreciação mais profunda de seus textos, a moça merece o apoio e a atenção, pois com o tempo poderá se tornar uma inspirada cronista, que tanto falta faz a nossa cidade - onde existem muitas (e muitas) mulheres que se dão ao hábito de poetar nas horas vaga, de quando em quando surgem algumas contistas de valor (como Regina Benitez, premiada agora no Concurso Nacional de Contos) mas falta uma cronista do dia a dia, das coisas simples, falando dos homens, dos fatos e das coisas. Como tão bem fazem, na imprensa nacional, Rubem Braga, José Carlos de Oliveira, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Carlos Drummond de Andrade ou, para falar das mulheres - Rachel de Queiroz ou Marisa Raja Gabaglia - duas épocas e dois estilos. Humana, romântica ou ingênua em suas crônicas, Alzira dá o seu depoimento sobre o que vê, observa e sente. Como primeira obra é a promessa de alguém que deseja dizer algo para muitos - e busca na crônica despojada, simples, a primeira linguagem. Ser compreendida, merece a atenção dos eventuais leitores, é, possivelmente, o objetivo da autora que talvez num trabalho mais regular - no dia a dia de uma colaboração regular e profissional, poderia desenvolver melhor seu projeto. Como na foto da capa de seu livro, do alto do São Francisco, nas centenárias ruínas, a bela moça contempla a cidade. A quem oferece sua primeira mensagem e de quem espera uma resposta.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
11/09/1974
Estou te enviando uma crônica para você saber se tenho ou não chances de publicar minhas crônicas.. Anteciosamente. Jantar a Luz de Velas Talvez a modesta moda do famoso jantar a luz de velas pegou nas moças que se acham donzelas. Não sei se para o dia seguinte comentarem as amigas ou pelo prazer de se sentir realmente uma mulher de classe fina. Após uma briga ela aproveitou para por em pratica teu plano, disse ao namorado que daria uma segunda chance a ele, mas ele teria que levá-la a um restaurante fino da cidade, queria reatar o romance à luz de velas. O namorado que era dona de uma "churrascaria" (vendia churrasquinho na esquina) logo pensou: “Jantar a luz de velas? O que eu vendo em um mês não paga nem a metade da conta". Mas estando ele completamente apaixonado concordou com o exigido feito pela namorada. O famoso jantar foi marcado para sexta-feira, desde terça-feira só se ouvia a menina comentar do jantar a luz de velas, se exibia poderosíssima como se fosse a primeira e a ultima a jantar de velas. O comentário na vizinhança aumentava a menina parecia ter ganhado na loteria, ou iria comer algo de ouro mastigável. Faltando um dia para o famoso jantar ela pergunta ao namorado: - Você não tem carro, ao menos de taxi nós iremos não é amor? - Clara vida o que eu não faço por ti. Respondeu o apaixonado namorado. Chegando então o dia, mas esperado do ano e na hora marcada um taxi encosta no portão da casa da menina. Ela sai ao portão toda produzida, maquiada, perfumada. O taxista lhe abre a porta e o namorado lá a esperando. Após o taxi partir os fofoqueiros logo previu o dia de amanha, o dia inteiro ou até mesmo a semana toda ela só iria comentar do jantar a luz de velas. Ao chegarem ao restaurante desejado, ambos descem do taxi, o rapaz paga a viagem e o rumo é aquele fino restaurante. Ao entrarem foram recebidos pelo garçom que logo lhe indicou a mesa: - Amor sempre brigamos e reatamos e sempre sou eu que peço para você voltar, não me ama? A menina nem se deu conta das palavras do rapaz, pois já estava com o cardápio aberto e automaticamente fazendo a tua escolha. - Amor você sabe que eu te amo não é? Então peça o que quiser sem se preocupar com a conta, combinado? - Combinadíssimo amor. A menina só faltava explodir de tanta euforia. Após pedir uma fritada de camarões, suco de laranja, coca-cola light, uma boa porção de salmão, caviar acompanhado de um belo vinho, o garoto pergunta: - Amor satisfeita? - Gostaria de pedir a sobremesa. Responde a garota admirando todo o restaurante - Tudo bem amor faça o pedido que irei ao banheiro - Tudo bem meu amor A primeira vez que ela tinha freqüentado um restaurante, sem saber como chamar o garçom se levantou e começou a acenar muitos ali presentes com o pensamento que ela estaria se despedindo do namorado. Passando alguns minutos o garçom veio com a conta: - Senhora no cartão, cheque ou dinheiro? - Não irei pagar ainda, falta à sobremesa. - Me desculpe senhora, mas a senhora não chamastes a nossa atenção, o que a senhora deseja? - Mouse de maracujá - Tudo bem. Disse o garçom indo buscar o pedido da "senhora” Alguns minutinhos depois chega o mouse de maracujá, a garota em uma alegria, sentindo-se uma princesa traça o mouse e nem te ligo namorado. Após alguns minutos o garçom volta com e a pergunta: - Senhora deseja, mas alguma coisa? - Não obrigado só esperar o meu namorado Um casal que chegou depois paga a conta se levanta e vai embora. O lugar começa a ficar vazio, até que por final só se encontra ela no salão. - Garçom será que não aconteceu nada com o meu namorado, ele foi ao banheiro e até agora não retornou. O garçom foi ao banheiro e não encontra ninguém, chama ela e pergunta: - A fim de aplicar golpes é? - Eu aplicar golpes? Veja como fala comigo. Mostrando que é mulher do século XXI - Teu namorado é um fantasma? Pergunta o garçom com ironia - Aquele cachorro foi embora? Não acredito Entre foi ou não foi o caso foi parar na delegacia e ficou constatado que a garota lavaria louças por trinta dias no restaurante. O comentário na vizinhança era provocativos. “Para quem nunca tinha ido a um restaurante a luz de velas, até que agora ela vai, mas do que imaginava.

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