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Aramis

Mulheres afinadas

Só uma faixa - "Amargo Presente", um samba inédito de Cartola, na qual a voz tem a acompanhá-la apenas o piano magnífico de Antonio Adolfo - já justificaria a inclusão de "Suor no Rosto" (RCA, novembro/83) como um dos melhores discos do ano. Em maio/82, na II Festa Nacional do Disco (Canela, RS), já tinhamos nos emocionado ao ouvir a maravilhosa Beth carvalho, numa roda informal, interpretar esta jóia de Cartola, que ela guardou, sabiamente, para o seu disco deste ano. Mas "Suor no Rosto" traz um punhado de sambas novos, de autores competentes (Jorge Aragão, Nei Lopes, Noca da portela, Beto Sem Braço, Ivone Lara, Delcio Carvalho), além de uma selação de jongos que nos fazem saudar este disco com apenas uma palavra EXCELENTE e um conselho: Não deixe de adquiri-lo. No mais, todo o espaço seria pouco para repetir o óbvio: Beth é uma cantora de tão bom gosto como boa voz o que, aliás, dizemos há mais de 10 anos, desde que ela começou a fazer indispensáveis discos anuais com a melhor da MPB. Numa linha diferente de Beth Carvalho, mas atingindo cada vez mais parcelas de público, Olivia Hime também está admirável em "Máscara" (Opus Columbia/CBS), seu terceiro elepe-solo. Os apaixonados arranjos do apaixonado marido, Francis, um repertório que inclui um repertório privilegiadíssimo M u-Abel Silva (Primeiro Olhar), Fátima Guedes ("Saia Rodada"), caetano/Vinícius Cantuária ("Sutis Diferenças"), Edu-Chico Buarque ("Sobre Todas as coisas"), Cláudio Nucci ("Luar do Arpoador"), duas parcerias (letras) de Olivia com o marido, Francis ("Vermelha"), e a faixa-título, de Francis-Ruy Guerra ("Máscara"), mais a regravação da modinha "Até Pensei" (Chico Buarque), também fazem deste um elepe interessante, de bom gosto. Olivia é uma intérprete sensível, que usa corretamente sua voz e, sobretudo, sabe encontrar as músicas apropriadas ao seu estilo. Some-se os melhores músicos, arranjos perfeitos e temos um ótimo resultado. Uma foto de Fafá de Belém com o sorridente Teotônio Vilela. No outro lado do encarte, uma foto da sensual e sempre sorridente Fafá com uma família de Atalaia, na Paraíba. Estas duas fotos, de certa forma, definem o espirito do novo disco de Fafá o primeiro que faz na Sigla/Som Livre, após vários anos na Polygram. Fafá vinha tendo seu prestigio popular em decadência: "canos" profissionais (como dois, ocorridos em Curitiba), companhias perniciosas, falta de uma melhor orientaçào profissional. Confiante na força da Sigla/Rede Globo e na experiência de Guto Graça Melo, estréia com novo visual e muita força na nova gravadora. E deste seu disco, há a faixa "Menestrel das Alagoas" (Fernando Brandt/Milton Nascimento), uma (bela) homenagem a Teotônio Vilela, ex-senador, líder da Democracia vivendo seus últimos dias, mas enfrentando a morte com valentia. Há também uma das mais belas músicas brasileiras, "Promessas" (Tom/Newton Mendonça), que o Brasil está redescobrindo como tema de "Eu Prometo". No mais, uma salada geral que vai de Antonio Maria ("Menino Grande) a Gordurinha ("Carta a maceió"). Um disco desigual, exagerado algumas vezes que não representa o reencontro de Fafá com seu público tradicional, mas lhe abre novas portas comerciais. Estilo jovem, visual dos mais atraentes - Rosana é um delicioso piteu que a RCA lança em elepe, com repertório dos mais comerciais. Começa com Paulo Sérgio valle/Reinaldo Arias ("Vim Para Ficar"), inclui Pisca ("Garota Dourada") e mostra a própria Rosana como autora ("Vai Dar Branco", "Liberdade", "Sou", "Está em Você"). A moça é bonita pra valer, tem um canto fino e pode embalar sonhos juvenis. Vale a aposta... Bonita também é Terezinha de jesus, esta uma nordestina bem mais experiente que a estreante Rossana. Em "Frágil Força" (CBS, Novembro/83) ela busca um repertório que como diz o release da gravadora, "de um lado, a fragilidade de sua presença feminina, da voz suave e transbordante de meiguice, a delicadeza de seu jeito de ser. De outro lado, a força de seu talento e de sua personalidade". Um repertório bem transado de aurtores talentosos como Moraes Moreira ("Odalisca em Flor" e "Bumerague"), Luiz Melodia ("Fragil Força"), Nonato Luiz ("Baú de Brinquedos) e a regravação de um clássico, "Linda Flor" (Yoyo), que foi um marco na carreira da grande Aracy Cortês. Uma homenagem das mais justas á grande Aracy.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal da Música
21
20/11/1983

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