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Munheca eletrônica de Deliberador no Detran

BOM SENSO e munheca. Eis duas palavras que definem a administração de Francisco Deliberador Neto como prefeito de Ibiporã (1976/82) e que lhe estão caracterizando a ação num dos órgãos mais sensíveis da administração pública: o Departamento Estadual de Trânsito. Medidas práticas e objetivas, visando facilitar a vida dos usuários, fazem com que, ao completar o primeiro ano na direção do órgão, Deliberador ganhe justo aplauso. A última (e boa) novidade foi a de estender a computadorização também à renovação e à emissão da 2a via. Desde a última quinta-feira, aquilo que, até há pouco, exigia de 10 a 15 dias, soluciona-se em menos de 20 minutos. Com o terminal de computação, toda documentação do motorista é conferida em segundos. São digitadas as informações médicas necessárias e o número do protocolo. O usuário paga a taxa referente à renovação (ou 2a) no Banco, localizado no próprio Detran, faz o exame de vista no caso da renovação e pronto. Recebe seu documento, que agora não deve ser plastificado, para evitar a facilitação da falsificação. Mais do que medida administrativa, entre outras que Francisco Deliberador Neto vem tomando no Detran, desde que assumiu a direção desse organismo, em substituição ao ex-deputado Mário Stamm, a computadorização na emissão de carteiras é uma etapa para "devolver ao usuário o conforto e rapidez que ele merece", explica. E tem mais: dentro de algumas semanas, num espaço localizado na Rua Marechal Floriano próximo a Praça Carlos Gomes, haverá um posto de serviços dentro de uma salutar política de atendimento rápido e descentralizado. " Até o ano passado, eu apenas sabia de trânsito o que qualquer motorista deve saber", diz, brincando, Deliberador Neto, um advogado de 52 anos, ex-concessionário da Volkswagen de Ibiporã e primeiro prefeito do PMDB naquele município do Norte do Estado. Ao assumir a Prefeitura de Ibiporã, há oito anos, o município tinha uma arrecadação de Cr$ 12 milhões, gastava Cr$ 10 milhões com pessoal e, dos Cr$ 16 milhões de dívidas, Cr$ 10 estavam vencidas. Em março de 1983, quando passou o cargo ao sucessor, Daniel Pelisson, deixou todas as contas pagas, uma série de obras realizadas e Cr$ 40 milhões em caixa. Numa original publicação (uma revista em quadrinhos, criada pelo artista Jota), Deliberador relatou, de forma econômica e objetiva, o que fez no município: saúde pública, educação, infra-estrutura, atendimento social, casas populares (única Prefeitura do Brasil a construir com recursos próprios) e o ginásio de esportes o "Munhecão", nome que ganhou da população, traduzindo a filosofia administrativa: munheca, significando decisão e economia. "A necessidade me obrigou a ser alternativo", lembra Deliberador, citando o exemplo de transformar tachos em formas de pizza em luminárias das ruas da cidade, "custando 10% do que seria gasto nos modelos tradicionais". xxx Dentro de uma simplicidade cabocla, Deliberador assumiu o DETRAN - Após alguns meses na superintendência da EMOPAR - encontrando desafios crônicos: corrupção, burocracia e uma péssima imagem. Hoje, embora admita que ainda possam existir "casos esparsos de corrupção", a imagem é outra - para alegria do secretário Luiz Felipe Haj Mussi, da Segurança Pública, que tinha naquele órgão (hoje autarquia) um dos calcanhares-de-aquiles de sua administração. Procurando cortar o mal pela raiz - e, no caso da corrupção, ver as causas e não os efeitos - a situação inverteu-se. Hoje, os usuários são atendidos com rapidez, eliminou-se a figura corruptora do despachante indigno (os que atuam legal e honestamente apoiam sua administração) e, dentro do órgão, busca-se a valorização dos funcionários. Nem tudo são rosas e, naturalmente, há muito o que fazer, especialmente no campo do esclarecimento da população, "pois só assim nosso trabalho será devidamente compreendido". Um dos pontos chaves da corrupção - a emissão de carteiras frias. Tem um dado bastante revelador: em 1983, o DETRAN emitiu 165 mil carteiras a menos do que em 1982. Este ano, até ontem, haviam sido emitidas 223.721 carteiras nacionais de habilitação, à média de 300 novas por dia útil. Mussi, o jovem secretário de Segurança Pública, analisando a questão do trânsito - e da necessidade de se criar, cada vez mais, uma consciência responsável dos motoristas, dá um dado impressionante: - "Em termos comparativos, o prejuízo material e a perda de vidas humanas em acidentes de trânsito é maior do que de roubos e latrocínios". Pouco mais de mil funcionários em todo o Estado, uma preocupação em valorizar os bons elementos e, ao mesmo tempo, eliminar os corruptos (200 foram demitidos em 1984), o Detran era, no passado, uma espécie de "loteria esportiva" para certos elementos. O próprio Deliberador é quem conta: - Houve até um cidadão que se propôs a trabalhar numa Ciretran pagando Cr$ 800 mil por mês ao Estado.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
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29/12/1984

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