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Museu Paranaense não aceita perder a sua boa instalação

O professor Maury Rodrigues da Cruz, 55 anos, reconduzido à direção do Museu Paranaense, surpreendeu-se ao saber que existe a idéia de transferi-lo para um outro local - no caso da Prefeitura reassumir o prédio em que está instalado desde 16 de janeiro de 1976. - "É uma loucura! Oficialmente, jamais tive qualquer consulta mas lembro-me que há cerca de dois anos o secretário René (Dotti), falou-me que o prefeito Jaime Lerner havia comentado algo em relação a este projeto. Na época, disse-me René, ele desaconselhou qualquer tentativa, pois a idéia por certo seria - como será - muito mal recebida. Dias atrás, ligeiramente, a nova secretária da Cultura, professora Gilda Poli, também disse-me algo a respeito - mas nem cheguei a me preocupar. Entretanto, se houver qualquer oficialização nesta idéia acho que cabe ao governo do Estado e, especialmente, a comunidade cultural, reagir de todas as formas". Fundado em 25 de janeiro de 1876 e tendo ao longo de sua história perambulado por várias sedes, o Museu Paranaense sofreu principalmente entre os anos 60/70, quando o magnífico palacete no Batel, no qual funcionou por muitos anos, foi criminosamente demolido. Na época, a antiga Codepar (depois Badep, hoje extinto) pretendia ali construir o seu edifício sede - o que não aconteceu. Na Rua 13 de Maio, num velho casarão, o Museu Paranaense só sobreviveu graças à dedicação do professor Oldemar Blasi - que mantendo a tradição de mestres como José Loureiro Fernandes e Júlio Moreira, que o dirigiram por muitos anos, fez com a instituição, mesmo sem recursos, pudesse passar épocas difíceis. xxx Quando o prefeito Omar Sabbag inaugurou as novas instalações da Prefeitura de Curitiba, no Centro Cívico, em 1969, apareceram obviamente, muitos candidatos a "herdarem" a antiga Prefeitura. O então governador Paulo Pimentel, sensível ao setor cultural e atendendo a reclamos da área intelectual, emprenhou-se para que o Museu Paranaense fosse beneficiado. Passaram-se 3 anos para a desocupação total do prédio e uma necessária reforma, até que em 16 de janeiro de 1974 o mesmo foi reinaugurado oficialmente. O professor Blasi, que continuou na direção até o governo José Richa, pode então expor melhor o acervo reunido ao longo de 98 anos de existência da instituição, bem como desenvolver a área de pesquisas e novos projetos. Maury Rodrigues da Cruz, escolhido em 1987 por René Dotti para dirigir o Museu Paranaense - e que teve uma administração tranqüila e competente, tanto é que foi um dos primeiros nomes confirmados pela secretária Gilda Poli - pode realizar novas obras, inclusive um mezzanino que possibilitou expansão da área de exposições. Números de visitantes em ascendência, exposições paralelas e uma pauta de trabalhos intensa faz com que o Museu seja considerado hoje um estabelecimento modelo. - "Portanto, é difícil de pensar que alguém pretenda desalojá-lo, transferindo-o para outro espaço" - comenta o professor Maury Cruz. O mercado de flores que cerca o Museu, na Praça Generoso Marques, faz com que aquela área seja hoje um dos pontos mais bonitos de Curitiba - verdadeiro cartão postal da cidade. É de se imaginar se a volta do gabinete do prefeito, com toda uma movimentação político-administrativa - e indispensáveis "reformas" - não tiraria aquilo que já custou tanto - em tempo, trabalho e recursos - desta cidade que o prefeito Jaime Lerner administra pela terceira vez.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
14/04/1991

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