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Aramis

Musical coração de Reinaldinho

Qualquer dia deste o compositor, violonista e cantor Reinaldinho (Reinaldo José Godinho, paranaense de Siqueira Campos, 28 anos completados dia 1.º de junho último) terá uma surpresa ao ver gravado, possivelmente na voz de Alaíde Costa - uma das mais belas do Brasil, um de seus mais perfeitos temas: "A Valsa dos Bobos", que fez após assistir a "Amarcord" e que Nino Rotta (1918-1979), tranquilamente avalizaria. "A Valsa dos Bobos" era uma das músicas que o flautista Alaor mais gostava de tocar nos tempos em que o Marito`s, na Rua Dr. Murici, em 1977 reunia, nos fins-de-noite, artistas, jornalistas e curtidores da boa música e da noite, Alaíde Costa ali jantava e se entusiasmou tanto com a beleza de música de Reinaldinho que, na hora, partindo de uma frase de meu filho Francisco Eugênio - então com 4 anos, falando em primavera triste, fez um belíssimo poema - que acabou cantarolando. A música permanece, até agora, inédita, mas não poderia haver parceria mais emocionante, entre a frase de uma criança, a lírica harmonia de Reinaldinho e a voz e poesia de Alaíde Costa, esta cantora fabulosa a quem a MPB ainda deve um maior reconhecimento. Reinaldinho é, em minha opinião, uma das maiores revelações da música popular no Paraná, com uma sensibilidade na criação de harmonias e letras que faz com que sua obra mereça uma divulgação mais ampla do que em nossos limites geográficos - mas a barra é pesada e ele sabe disso. Com seu pai, músico amador, aprendeu os primeiros acordes do violão em há 12 anos, ainda usando calças curtas, já integrava o primeiro conjunto - "Os Príncipes", como guitarrista nos tempos da jovem guarda. Os Príncipes era um grupo de bairro - na Vila Fany e fez aquilo que se poderia classificar do circuito dos bairros - animando domingueiras, até chegar aos clubes centrais e participando em programas de televisão. Em 1970. Os Príncipes transformaram-se em Excelsior Vox que, com a participação de Elias, Edson, Walter, Carlinhos e Emílio, resistiu por 3 anos - tendo, inclusive, neste período a participação de dois músicos dos pioneiros Metralhas: Alfred (órgão e guitarrista)% e Vitorio (voz e percussão). Em abril de 1974, Reinaldinho decidiu conhecer novos ambientes e foi para o Rio de Janeiro, onde tocou em boites ("Frank Sinatra Drink`s"), churrascarias, conheceu o cineasta, dramaturgo e homem de TV Domingos de Oliveira, até hoje um de seus maiores amigos e [ara quem musicou a peça "As Testemunhas da Criação". Há 3 anos voltou a Curitiba e seu retorno coincidiu com a inauguração do Sir-Laboratório de Som & Imagem, que lhe vem garantindo sua sobre sobreviv6encia financeira, criando jingles (em 77, com o que fez para a campanha da erosão, ganhou o prêmio Colunistas, troféu que, em 78, ganhou novamente pelo Jingle produzido para a Motoserra), mas sem jamais deixar de compor suas músicas e desenvolver um trabalho próprio - inicialmente com o grupo "Início do Século", que apesar da "cara de rock" tocava de tudo para sobreviver - mas que em fins de 1977 acabou se extinguindo. O Sanjazz Quintet, liderou por Hilton Ronald Alice, tecladista de grandes méritos, presidente da Ordem dos Músicos do Brasil, o convocou e até agora Reinaldinho faz parte deste grupo - como croner, percussionista tocando, em uma outra música, harm6onica e baixo. A extrema humildade de Reinaldinho o faz parecer tímido - mas isto tudo traduz sua sensibilidade. Tanto é que nestes 3 últimos anos independentes do trabalho e música e jinglista, tem ainda feito shows em teatros: "Reinaldinho e o Arco Íris Noturno". "O Encontro", "Transa Nossa", "Um Violão, uma flauta, uma voz, simplesmente nós - este dividido com Alaor Oliveira, a melhor flauta da cidade. Este ano, finalmente, auto produziu um compacto simples, com duas músicas que lhe são particularmente importante - "Velho Baltazar" e "O Encontro", e decidiu levar no palco um velho projeto: um show montado a partir de sua vivência das luzes dos palcos, pessoas - atrizes, atores amigos, "loucos e conscientes", rebuscando a emoção de cantar e tocar músicas que ultimamente nem tocava mais. Assim, montou um roteiro com músicas feitas de 75 para cá, selecionando 24 delas - e que reunidas neste "Coração Musical" (teatro do Paiol, hoje 21 horas) - representam uma prova de amadurecimento de seu trabalho. Um trabalho compreendido pelos companheiros de estradas musicais - como Carlinhos Freitas (bateria), Sy Barreto (baixo), Helinho Sant` Ana (bateria, percussão), Hiulton Alice (piano, clarineta) , Hensey Souza Jr. (guitarra/craviola/cavaco), Fernando Thá Filho (oboé), Tata (piston) e Orlando Comamdulli (sax-tenor). Melhor do que ninguém, o próprio Reinaldinho, define este seu "Coração Músical": é uma exterorização de coisas muito de dentro, mostradas em verso e música, através do talento de cada músico. Coração musical é o alimento de cada nota, cada acorde. É o feeling da música. Universal, individual e, principalmente sensível ao amor & a vida - como é o próprio título deste show que merece ser visto, ainda hoje, em sua última apresentação. FOTO LEGENDA- Reinaldinho
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
24/06/1979

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