Musical Londrina
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 01 de março de 1978
Enquanto que, em Curitiba, as esperiências de fazer um bom ambiente musical não passam de uma estação de ano - o Marito`s, com seu chorinho brasileiro durou apenas o inverno passado, o Bebedouro, com os esforços Jonas & Celso, talvez não passe deste verão - em Londrina, cada vez mais prosperam as boas casas noturnas, com músicas ao vivo e trazendo boas atrações.
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Depois do Cantinho, que marcou época, agora há o Dó-Ré-Mi, uma casa ampla, 180 mesas, poltronas estofadas, em um estilo que lembra até o Ronnie`s Scott, a melhor casa de jazz em Londres, por onde passam os grandes nomes da música internacional. Tendo uma diretora artística que une o talento a beleza, e cantora e compositora Lena (Maria Helena Mariano), irmã caçula do pianista e compositor Cesar Camargo Mariano, a casa vem, há 8 meses, levando a Londrina, artista de primeiro nível, como Alaide Costa, o pianista Johnny Alf, Tito Madi, entre outros. No último fim de semana, foi o bom sambista Noite Ilustrada, que garantiu lotação completa da casa.
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Lena Mariano, jovem, loira, uma voz suave, que com o violão na mão mostra até mais talento que o seu mano Cesar-marido da cantora Elis Regina, é uma artista que poderia, se quísesse, fazer carreira em grandes centros. Permanece, entretanto, em Londrina, agora cantando apenas em fim de noite, quando bons amigos, músicos amadores mas sensíveis como o jornalista e empresário José Flávio Garcia, dono de uma das maiores coleções de discos do Paraná, senta-se na bateria, e a acompanha em músicas que vão da melhor Bossa Nova a "scats" jazzísticos. Garcia, aliás, acompanhou Johnny Alf, em sua temporada londrinense, agradando tanto que foi convidado para fazer com ela o circuito universitário. Embora adore a música, não pode aceitar: afinal é herdeiro e atual administrador de três grandes fazendas, no Paraná, Mato Grosso e Paraguai, onde pastam mais de 15 mil cabeças de gado.
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Ao lado do Dó-Ré-Mi, há a casa de samba do Tigrão, criolo simpático, bom violonista e cantor. Com um harmoniosos conjunto, onde se destaca o cavaquinho de Romeu, péssimo humor. Geralmente irritado mas um artista extraordinário, capaz de, no instrumento, criar momentos antológicos. Outras casas de Londrina também tem boa música e, em todas um interesse dos proprietários em estimular a MPB. Exemplo que deveria ser seguido em Curitiba, onde, muitas vezes, um violonista é tratado por certos "empresários" da noite como se fosse marginal.
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