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Aramis

Nas trilhas do Cinema (I)

Cresce o nosso antigo projeto de se formar um clube que reuna todos os aficionados por boas trilhas sonoras, com ramificações pelo jazz e outros [gêneros] - [cujo] pequeno catálogo existente no Brasil e dificuldades para aquisição de álbuns importados (agora praticamente proibido com a elevação de mais de 100% sobre produtos supérfluos - justifica uma natural permuta não só através de gravações mas também de informações - raríssimas em nossa imprensa, mas existentes em revistas estrangeiras, com seções especiais destinadas [às] trilhas sonoras. Assim, o bom amigo Jorge Carlos Sade, em sua bela galeria Acaica (praça Garibaldi, 52), já está anotando o nome dos interessados para a formação desta entidade cultural - e que tem, inclusive, prevista a circulação de um jornal informativo. Nos últimos meses sentimos, com entusiasmo, um maior interesse das principais gravadoras em lançarem cada vez mais trilhas sonoras dos filmes mais importantes - ao menos daqueles com possibilidades de motivarem um interesse maior do [público] , pois nos EUA e Europa praticamente todas as bandas sonoras são colocadas nas lojas mesmo antes dos filmes chegarem [às] telas. Embora os mais recentes (e excelentes) trabalhos de Michel Legrand ("Breezy", Interlúdio de Amor", "quarenta quilates") ou Marvin Hamlish ("Save The Tiger Sonhos do Passado"), os dois compositores do momento, ainda permaneçam inéditos, temos alguns expressivos exemplos de boa [música] cinematográfica nas lojas. Vamos aos seus registros. GOLPE DE MESTRE (The Sting) (MCA Records Chantecler, MCALP 600.076, junho 74). Premiado com 7 Oscars (filme, música, direção, roteiro original, direção artística, vestuário e montagem), esta nova produção de George Roy Hill, na linha de "Buth Cassidy" - estrelada pela mesma dupla - Paul Newman Rober Redford, teve o compositor Marvin Hamlisch trabalhando sobre as [músicas] originais de um dos pioneiros do jazz. Scott Joplin ( Texarkana, Texas, 24 de novembro de 1868 - New York, 11 de abril de 1917), teve o mérito maior de fazer com que fosse redescoberto este extraordinário pianista e compositor, que tocou na Chicago World's Fair de 1893 e se destacou nos anos 90, no século passado, em Saint Louis e Chicago. Sua composição mais famosa, "Maple Leaf Rag" apareceu em 1899 e chamado "O Regi do Ragtime", Joplin deixou muitas composições [marcantes] - "Original Rag", "Sugar Cane Rag", "Wall Street Rag" e "Tremonisha", uma audaciosa ópera rag que ele chegou a montar no Harlem em 1911. Tendo feito raríssimas gravações, pode ser ouvido apenas numa faixa em "History of Classic Jazz" e "Ragtime Piano Roll " (Riverside), ambos discos inéditos no Brasil. Admirador do estilo leve, descontraído e comunicativo de Scott Joplin - que após o lançamento de "The Sting" teve suas músicas lançadas em vários lps nos EUA -0 Roy Hill (diretor também de "Matadouro 5, entre os 10 melhores filmes exibidos em Curitiba em 73) encontrou em Hamlisch um compositor-pianista que soube criar para "Um Golpe de Mestre" uma trilha sonora tão marcante quanto Burt Bacharach Hal David fizeram há 3 anos para outro de seus filmes, "Buch Cassidy". Com o próprio Hamlisch ao piano temos os solos de "The Entertainer", "Solace", enquanto outras músicas - "Pine Apple Rag", "Easy Winners" e a própria "The [Entertainer]" e "Rag Time Dance" chegaram a merecer arranjos do maestro Gunther Schuller, também um dos grandes [teóricos] do jazz ("O Velho Jazz - Suas Raízes e seu desenvolvimento musical", 1968, edição brasileira da Cultriz, 1970, 451 páginas). A trilha sonora de "The Sting" está naquela categoria de [música] que entusiasma qualquer pessoa já na primeira audição. O calor do Ragtime e a novidade que representa as composições de Scott Joplin na feliz [adaptação] de Marvin Hamlisch torna quase deslumbrante esta produção - que superpremiada com Oscars - (74), está sendo o maior êxito de bilheteria do ano. A Chantecler gravadora em franca recuperação artística e melhorando o seu catálogo de mês para mês - com um eficiente trabalho promocional no Paraná a cargo de Cristóvão e Luis Tavares - o Robertinho, não poderia fazer um melhor lançamento do que colocar a [sound] track desta produção de Richard Zamuck ao alcance do público brasileiro. Um disco nota 10, indispensável a quem coleciona trilhas sonoras e que agrada também quem simplesmente procura a boa [música] instrumental.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal do Espetáculo
18
14/07/1974

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